"A recuperação económica pós-pandemia em Cabo Verde está agora ameaçada pelos riscos indirectos associados com a guerra na Ucrânia, em particular o aumento da inflação e o custo dos combustíveis, que podem prejudicar as perspectivas do turismo e levantar pressões nos custos do lado da oferta", escrevem os analistas da agência de notação financeira.
Na nota que dá conta da manutenção do ‘rating’ em B-, abaixo do nível de recomendação do investimento, a S&P escreve também que a negociação "de uma possível moratória, ou alívio de uma parte da dívida bilateral a Portugal não vai ter impacto no ‘rating’ porque para além da dívida oficial não é esperada que quaisquer obrigações relativamente à dívida comercial sejam afectadas", não havendo, portanto, um impacto na capacidade de pagamento do país aos investidores, o principal foco das agências de ‘rating’.
Relativamente ao cenário macroeconómico, a S&P prevê um abrandamento do crescimento para este ano, tendo revisto a previsão de 5,5% para 4% este ano, e uma média de 5% de 2023 a 2025.
Além disso, estima que a dívida pública (cuja parte externa chegou a 2 mil milhões de dólares em 2021) continue acima dos 100% do Produto Interno Bruto (PIB), registando uma média de 103% até 2025, uma das mais elevadas na África subsaariana.
"De uma forma geral, o nosso ‘rating’ sobre Cabo Verde está limitado pela economia concentrada do país, baixo PIB per capita, elevada dívida pública e posição externa vulnerável", escrevem os analistas, concluindo que, por outro lado, "esta análise é mitigada, de alguma forma, pela forte percentagem de financiamento concessional, maturidades de pagamento longas e forte relacionamento com os doadores".