Navio com 5 mil toneladas de trigo chega ao Porto Grande do Mindelo

PorSheilla Ribeiro*,24 ago 2022 12:42

Um navio com 5 mil toneladas de trigo, importados pela empresa Moagem de Cabo Verde (MOAVE), atracou esta terça-feira no Porto Grande, em São Vicente, onde procederá à descarga desse cereal, que depois de moído, será distribuído para todas as ilhas.

Segundo a Televisão de Cabo Verde, o processo de descarga deveria ficar concluído até o final de terça-feira para os armazéns e os silos da MOAVE, que ficam situados no próprio perímetro do Porto Grande de Mindelo. De seguida, ir-se-á proceder à limpeza do cereal para que seja transformado em farinha.

De referir que as padarias de todo o país reclamaram a escassez de farinha para fazer pão e outros alimentos, pela falta de trigo no mercado.

Em declarações à TCV Rui Lopes, gerente da padaria Sabura, nos Espargos explicou que tem havido reclamações por produzir numa quantidade inferior ao normal devido a dificuldade em obter farinha.

“Os nossos fornecedores ainda não conseguiram fornecer farinha e vamos gerir o stock que é pouco. Não temos certeza de quando poderemos repor o stock e o esfoço que temos de fazer é de não deixar faltar esse bem essencial”, declarou.

O empresário mostrou-se preocupado quanto ao reabastecimento do mercado daquela ilha.

Praia e Assomada

As duas principais padarias da cidade de Assomada, em Santa Catarina, só têm farinha de trigo para produzir pães e outros artigos com base neste produto alimentar por “algumas semanas”.

Conforme informações avançadas à Inforpress pelos responsáveis das duas principais empresas de panificação, neste momento, estão já com “pouco stock” de farinha, mas, no entanto, não há problemas com os demais ingredientes.

Informaram que por falta de farinha, diminuíram a quantidade do pão mais consumido, a carcaça, aos distribuidores parceiros, e que ainda vão limitar a venda por pessoas, como forma de garantir que este principal produto chegue a todos os consumidores.

Não obstante a falta de farinha, o preço do pão (carcaça pequena e grande) não sofreu aumento.

No entanto, uma das empresas de panificação, que tencionava parar e dar férias colectivas aos funcionários por um período de 15 dias, voltou atrás da decisão após receber 47 sacos de farinha da empresa Moagem de Cabo Verde (MOAVE).

Ainda conforme a Agência Cabo-verdiana de Notícias, Manuel, um empresário da área e dono de uma padaria/café, na Praia, contou que tem percorrido estabelecimentos comerciais para poder encontrar farinha, mas a escassez é, ao que parece, a nível nacional.

“Todas as padarias estão com problemas e o que conseguimos para fazer pão hoje e amanhã foi devido a algumas amizades”, disse, avisando que talvez nos próximos dias possa haver falta de pão no mercado.

Já a cadeia de padarias Pão Quente de Cabo Verde anunciou, no Facebook, que para garantir que o pão chegasse a todas as famílias, estabeleceu uma quantidade máxima de 10 unidades por cliente.

Partilha

Também no Facebook, a padaria e pastelaria Sabor Kriola informou que um grupo de clientes habituais, tendo conseguido comprar um saco de 25 quilos e mais cerca de 20 quilos em sacos individuais de quilo de farinha, levaram ao estabelecimento a matéria-prima para que pudessem fazer pão de hambúrguer.

A padaria relata que “com um gesto bastante altruísta”, solicitaram para que fossem feitos pães de hambúrguer para eles e que fossem repartidos com todos os outros clientes, seus concorrentes, que vendem hambúrguer.

“Claro que eles tiveram a maior quantidade, mas os outros colegas da mesma área tiveram a oportunidade de vender hambúrguer”, lê-se.

Atraso no transporte

Na segunda-feira, à Televisão Pública a MOAVE garantiu que não houve ruptura de stock, mas que foi obrigada a limitar o fornecimento da farinha para a produção de pão devido ao atraso do barco que transportava o trigo para Cabo Verde.

O referido barco, segundo a mesma fonte, deveria chegar ao arquipélago no início do mês de Agosto.

Stock

De ressaltar que em meados do mês de Junho, o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, garantiu que Cabo Verde aumentou a capacidade de stock dos produtos alimentares, aquando da declaração da situação de emergência social e económica derivada dos impactos da guerra na Ucrânia.

Na época, frisou que o país tinha um stock de milho de segunda para 7,33 meses; de 11 meses para o arroz; de sete meses para o trigo; de um mês para a farinha de trigo, entretanto fabricado a partir do trigo em grão em stock; de quase três meses para o açúcar e de pouco mais de quatro meses para o feijão; de 45 dias para o leite em pó e de quase quatro meses para o óleo alimentar.

*com órgãos e agências

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1082 de 24 de Agosto de 2022. 

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Autoria:Sheilla Ribeiro*,24 ago 2022 12:42

Editado porClaudia Sofia Mota  em  26 ago 2022 12:42

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