"Os pagamentos totais da dívida externas no próximo ano nos países cobertos pela Fitch Ratings vão chegar aos 22,3 mil milhões de dólares [21 mil milhões de euros], subindo face aos 21,4 mil milhões de dólares [20,1 mil milhões de euros] de 2022", lê-se no relatório enviado aos investidores.
"Prevemos que a média da dívida pública na África subsaariana melhore para menos de 65% em 2023, depois de ter alcançado um pico de 72% em 2020, ajudada pelas recuperações económicas a seguir à pandemia, o preço mais alto das matérias primas e os esforços para reduzir os défices orçamentais, mas este nível compara com uma média de 57% em 2019, antes da pandemia, e com menos de 30% entre 2007 e 2013", salientam os analistas.
De acordo com uma análise à dívida pública nos 19 países da África subsaariana cobertos por esta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, quase metade dos países (42%) a que a Fitch atribui um 'rating' na região "têm um rácio de dívida sobre o PIB acima de 70%, enquanto o rácio médio da dívida sobre as receitas vai continuar acima de 300%, o dobro do valor em 2013", comprovando a deterioração dos fundamentos económicos dos países da região.
Na nota, os analistas alertam para a deterioração da perspetiva de evolução destas economias, elencando os riscos que emergem do abrandamento global significativo, da elevada inflação e das difíceis condições financeiras, para além do enfraquecimento geral das economias devido aos efeitos da pandemia, primeiro, e da invasão da Ucrânia pela Rússia, mais recentemente.
A Fitch Ratings antevê que a inflação média da região baixe de 8 a 9%, este ano, para 5,5% em 2023 e que a expansão do PIB ronde os 4%, perto da média de 3,8% nos cinco anos até 2019, mas bem abaixo do crescimento registado até 2014.
No mesmo relatório, a Fitch Ratings alertou que há oito países da África subsaariana com pagamentos de dívida pública em 2023 que representam um quarto das reservas externas, incluindo Angola, Moçambique e Cabo Verde.
"Para os oito países que reportaram as reservas individualmente nos últimos seis meses, quatro (Angola, República do Congo, Etiópia, Quénia e Moçambique) enfrenta pagamentos de serviço de dívida externa em 2023 equivalente a mais de um quarto das reservas reportadas, com Cabo Verde a ter de pagar o equivalente a 23% das reservas externas", diz a Fitch Ratings.
Angola lidera o volume de pagamentos de dívida até 2025, tendo sempre de pagar anualmente mais de 6 mil milhões de dólares, cerca de 5,6 mil milhões de euros, até 2025.
Assim, Angola, no final deste ano, terá pago 6,48 mil milhões de dólares, que vão somar-se aos 6,7 do próximo ano, 6,4 em 2024 e 7,3 mil milhões de dólares em 2025.