De acordo com dados da Empresa Nacional de Administração dos Portos de Cabo Verde (Enapor), de Janeiro a Março os portos nacionais movimentaram 44 navios de cruzeiro, número que compara com os 25 no mesmo período do ano anterior, e metade dos quais no Porto Grande, Mindelo, ilha de São Vicente.
O arquipélago espera receber este ano mais de 120 mil turistas em duas centenas de escalas de navios de cruzeiro, duplicando os números de 2022, disse à Lusa, em Abril, o presidente da empresa estatal que que gere os portos nacionais.
“Temos uma previsão para 2023 de praticamente duplicar estes dois segmentos, tendo em conta 2022. Contamos receber acima de 200 navios de cruzeiros e acima de 120 mil passageiros de cruzeiros”, disse em entrevista à Lusa o presidente do conselho de administração da Empresa Nacional de Administração dos Portos de Cabo Verde (Enapor), Irineu Camacho.
A Lusa noticiou anteriormente que as escalas de navios de cruzeiro nos portos de Cabo Verde aumentaram 360% em 2022, face ao ano anterior, traduzindo-se num movimento de quase 48.000 turistas num ano, segundo dados oficiais. De acordo com dados compilados a partir de um relatório anual sobre o movimento portuário, elaborado pela empresa Enapor, registaram-se 129 escalas de navios de cruzeiro de janeiro a dezembro de 2022.
Este movimento contrasta com apenas 28 escalas de navios de cruzeiro registadas em todo o ano de 2021 - período ainda condicionado pelas restrições às viagens internacionais devido à pandemia de covid-19 -, que movimentaram então 11.066 passageiros.
“Teve um impacto muito forte na economia local e este ano a Enapor possui boas previsões para o segmento do turismo de cruzeiros”, sublinhou Irineu Camacho.
O turismo representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde e no segmento dos navios de cruzeiro traduz-se na forte na dinamização dos portos do arquipélago, segundo o administrador: “Estamos a falar de uma modalidade de turismo que envolve diferentes serviços como transporte, alojamento, alimentação e tudo isso está agrupado numa única estrutura, que para além de desenvolver o nosso mercado gera um maior consumo na cidade. E isso reflecte directa ou indirectamente no que é que é o trafego portuário”.
Da escala global, a ilha de São Vicente, onde está em construção o terminal de cruzeiros, a Enapor espera receber de 70 mil a 80 mil passageiros de navios de cruzeiros este ano, nas atuais condições, e alavancar ainda mais depois da conclusão da nova infraestrutura.
“Há dias a ilha albergou três navios de cruzeiros ao mesmo tempo, mas com o terminal de cruzeiros, pretendemos também ter maior capacidade, maior logística que permitem receber bem os navios de cruzeiros e os cruzeiristas que albergam os nossos portos”, sublinhou.
Em paralelo, neste momento, o porto da cidade da Praia é o que consegue equivaler à capacidade do Porto Grande, podendo também albergar até três navios de cruzeiros ao mesmo tempo.
O Porto Grande, em São Vicente, vai receber um novo terminal de cruzeiros, cuja obra arrancou em janeiro de 2022, a cargo do consórcio luso-cabo-verdiano constituído pelas empresas Mota-Engil e Empreitel Figueiredo.
A obra foi adjudicada por 26.483.603 euros, cofinanciada pelo Fundo ORIO, dos Países Baixos, e pelo Fundo OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional, e tem um prazo estimado para conclusão de 22 meses.
O Governo prevê que seja possível captar anualmente 200.000 turistas de cruzeiros com esta infraestrutura.
“É uma infraestrutura que irá permitir albergar um maior número de navios de cruzeiros e ter melhores condições de receber os passageiros, mas o desafio não se resume somente à construção de infraestruturas. É preciso também saber o que iremos fazer com as infraestruturas e por isso a Enapor está a desenvolver um plano de desenvolvimento do destino que tem como um dos principais objectivos implementar um plano estratégico para desenvolver todo o território nacional”, garantiu Irineu Camacho.
Esse plano, acrescentou, visa também o crescimento específico do turismo de navios de cruzeiro nas “ilhas gémeas” de Santo Antão e São Vicente, e ajudar a promover os produtos e serviços turísticos para atender as necessidades e as expetativas deste segmento.