De acordo com Miguel Monteiro, isso é o resultado de parcerias que vêm sendo feitas com a Bolsa do Luxemburgo nos últimos dois anos e que ficou reforçada, esta semana, com a presença do presidente da Bolsa de Valores nesse país europeu, integrando a delegação da visita de Estado do Presidente da República, José Maria Neves, ao Luxemburgo, de 23 a 25 de Maio, que também visitou essa instituição financeira.
“Agora queremos elevar esta parceria para um nível superior e estamos a preparar, juntamente com a Bolsa do Luxemburgo, para termos alguns títulos sustentáveis listados aqui. Este é um processo que ainda está a ser desenvolvido, mas acreditamos que brevemente vamos ter obrigações ou acções que foram emitidas por entidades cabo-verdianas, aqui no Luxemburgo”, garantiu.
Conforme Miguel Monteiro, com isso, será possível “ter maior notoriedade” dos instrumentos emitidos no arquipélago e “maior notoriedade” da Bolsa de Valores de Cabo Verde.
“Ou seja, estamos a desenvolver um mercado sustentável com esta parceria entre a Bolsa de Valores de Cabo Verde e a Bolsa do Luxemburgo”, frisou, explicando que o que falta é que a Associação Internacional de Mercado de Capitais (ICMA – International Capital Market Association, em inglês) emita a Taxonomia Azul.
Segundo o responsável cabo-verdiano, em Cabo Verde já existe a Taxonomia Azul, mas também a ICMA vai “emitir brevemente” esta taxinomia, e o que se quer é que a emissão das obrigações ou acções no Luxemburgo pelas entidades cabo-verdianas aconteça no âmbito dessa publicação, no mês de Junho ou Julho, o mais tardar.
Miguel Monteiro recordou que a Bolsa de Valores de Cabo Verde escolheu a questão do financiamento sustentável, incluindo ‘Blue Bonds’, ‘Green Bonds’ e ‘Ocean Bonds’, tipos de instrumentos que a Bolsa do Luxemburgo é um “líder a nível mundial”.
Neste sentido, as duas instituições assinaram em 2022 um memorando de entendimento que começou a dar condições para que essa parceria acontecesse, nomeadamente ao nível do treino, de formação e de expertise.
Entretanto, conforme Miguel Monteiro, esta parceria acabou por ser estendida com um acordo de parceria que aprofundou mais a relação, no sentido de, por exemplo, a Bolsa do Luxemburgo rever e dar o seu “aval” para a Taxinomia Azul desenvolvida neste mesmo âmbito pela Universidade Técnica do Atlântico, com a parceria estratégica da Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Na visita de três dias ao Grão-Ducado do Luxemburgo, o Presidente da República esteve acompanhado de uma delegação governamental, municipal e empresarial, que integrou, para além do presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde, Miguel Monteiro, o presidente do Parque Tecnológico de Cabo Verde, Carlos Monteiro, e o presidente do Conselho Directivo da Pró-Empresa, Edney Cabral
Os ministros dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui de Figueiredo Soares, das Comunidades, Jorge Santos, e da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, também fizeram parte da delegação.
A visita do Presidente da República ao Luxemburgo aconteceu no momento em que os dois países celebram 30 anos de relações de cooperação, iniciadas nos finais da década de 1980, o que deu origem à assinatura do Acordo Bilateral Geral em matéria de Cooperação para o Desenvolvimento na década de 1990.