De acordo com um boletim estatístico do primeiro trimestre de 2023 da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), ao qual a Lusa teve acesso, globalmente, este tráfego totalizou 13.618 movimentos de sobrevoos de Janeiro a Março, crescendo face aos 10.318 no mesmo período de 2022 e a apenas 156 movimentos do primeiro trimestre de 2019, antes das consequências da pandemia de covid-19.
“Os resultados neste período aproximam-se a passos largos dos valores de 2019, estando a 1% (a cerca de 156 sobrevoos), quando comparados com o ano pré-pandémico”, lê-se no relatório da ASA.
“Este crescimento de sobrevoos no primeiro trimestre de 2023, face ao mesmo período de 2022, representa uma melhoria na confiança e liberdade de circulação de pessoas entre os países e continentes, influenciando directamente o tráfego de sobrevoos na nossa FIR”, acrescenta.
De Janeiro a Março deste ano a transportadora aérea portuguesa TAP voltou a liderar entre os voos controlados por Cabo Verde no oceano Atlântico, com 19% do total, seguida da Ibéria, com 7,9%, e da TAM, com 6,2%.
Em 2019, antes das consequências da pandemia de covid-19 na aviação mundial, a FIR Oceânica do Sal, que representa uma importante receita para o Estado, controlou 58.345 movimentos de sobrevoos.
Os voos controlados pela FIR Oceânica do Sal já tinham quase duplicado de 2021 para 2022, para uma média equivalente a 133 aviões por dia, segundo dados anteriores da ASA. De acordo com um boletim estatístico de 2022 da ASA, este tráfego totalizou 48.617 movimentos de sobrevoos em todo o ano, representando um aumento de 76% quando comparado com 2021, que foi então de 27.686 sobrevoos.
Os rendimentos da ASA com o sector da navegação aérea cresceram 19% de 2017 para 2018, para 2.945 milhões de escudos, então o equivalente a 43% de todas as receitas da empresa pública que gere os aeroportos do país, mas praticamente desapareceram nos meses que se seguiram à pandemia de covid-19.
A FIR corresponde a um espaço aéreo delimitado verticalmente a partir do nível médio do mar, sendo a do Sal – que existe desde 1980 - limitada lateralmente pelas de Dacar (Senegal), Canárias (Espanha) e Santa Maria (Açores, Portugal).
Toda esta área está sob jurisdição das autoridades aeronáuticas cabo-verdianas, tendo a FIR sido criada em 1980.
O Governo atribuiu há um ano a concessão dos aeroportos e aeródromos do país – actualmente a cargo da empresa pública ASA - à sociedade Vinci Airports SAS, por um período de 40 anos, num negócio em que o Estado vai receber 80 milhões de euros, além de bónus das receitas brutas.
A ANA - Aeroportos de Portugal vai ter 30% das participações na sociedade de direito cabo-verdiano criada para celebrar o contrato de concessão.
O executivo liderado por Ulisses Correia e Silva esclareceu, contudo, que, além da gestão de activos financeiros que detém, a ASA continuará com a responsabilidade de prestar os serviços de Navegação Aérea, nomeadamente na gestão da FIR Oceânica do Sal, que se manterá 100% na esfera pública, não sendo alvo de concessão a privados.
A localização estratégica da FIR do Sal coloca-a “na encruzilhada dos maiores fluxos de tráfego aéreo entre Europa e a América do Sul e entre a África Ocidental e a América do Norte e Central e as Caraíbas”, explicou anteriormente a ASA.
O Centro de Controlo Oceânico do Sal funciona no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, tendo sido inaugurado em 24 de Junho de 2004.
TAP já movimenta mais passageiros em Cabo Verde do que antes da pandemia
Entretanto, a companhia aérea portuguesa TAP transportou de e para Cabo Verde mais de 106 mil passageiros no primeiro trimestre, consolidando a liderança e crescendo face ao período anterior à pandemia, segundo dados oficiais compilados hoje pela Lusa.
De acordo com o relatório do primeiro trimestre de 2023 sobre o movimento de passageiros nos quatro aeroportos internacionais do arquipélago, da empresa estatal ASA, o número de passageiros movimentados por todas as companhias cresceu 46%, face ao mesmo período de 2022, para 528.348, mas continua 3% abaixo do registo do primeiro trimestre de 2019 (543.151), anterior às consequências da pandemia de covid-19.
Desse total, a portuguesa TAP cresceu no movimento de passageiros transportados de e para os quatro aeroportos internacionais de Cabo Verde para 106.205 nos primeiros três meses do ano, em todos os casos já acima do movimento no mesmo período de 2019.
No Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na Praia, a TAP movimentou 42.037 passageiros, um aumento de 3% face ao mesmo período de 2022 e de 5% tendo em conta o movimento em 2019, liderando entre as companhias que operam na capital cabo-verdiana.
A transportadora aérea portuguesa também liderou no Aeroporto Internacional Cesária Évora, ilha de São Vicente, com 22.342 passageiros, um aumento de 57% no espaço de um ano e mais 15% face ao primeiro trimestre de 2019.
No Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, a mais turística de Cabo Verde, a TAP movimentou 34.116 passageiros, apenas atrás da operadora turística TUI Airways, de voos charter, mas aumentando 81% no espaço de um ano e somando 49% de passageiros tendo em conta o mesmo período de 2019.
Já no Aeroporto Internacional Aristides Pereira, ilha da Boa Vista, cujos voos a TAP só retomou no segundo trimestre do ano passado, a companhia portuguesa movimentou 7.710 passageiros, ainda assim mais 47% face ao desempenho do primeiro trimestre de 2019.
A TAP transportou de e para Cabo Verde quase 385 mil passageiros em 2022, mais 65% face ao ano anterior, segundo dados anteriores da ASA.