Em declarações à imprensa, na noite deste sábado, durante o acto comemorativo do aniversário da empresa, o seu director-geral, Damià Pujol, destacou que os investimentos iniciais se concentraram na melhoria do abastecimento de água nas ilhas do Sal e de Santo Antão.
Actualmente, a empresa está a desenvolver projectos de expansão na ilha de Santa Maria, preparando a segunda fase de ampliação da ETAR, e a planear infraestruturas de gestão, tratamento de águas residuais e novas soluções de abastecimento para Santo Antão.
No âmbito da eficiência, a APP está a implementar projectos na lavandaria industrial localizada na Ilha do Sal. Contudo, os maiores investimentos dos últimos três anos têm sido direcionados para o sector energético.
“Estamos a desenvolver projectos de eficiência no âmbito da lavandeira industrial aqui na ilha do Sal e depois os grandes investimentos nos últimos três anos são no sector energia. Foram firmados no ano 23 dois contratos com o Estado de fornecimento de energia, um na ilha de Sal e outro na ilha de São Vicente”, sublinhou.
“O projecto do Sal já está fornecendo energia 100% renovável para a rede elétrica desde o mês de Setembro do ano passado e antes do mês de Setembro deste ano vai entrar em serviço a planta fotovoltaica de Salamanca, na ilha de San Vicente, e a partir de final de ano vamos começar a construção da planta fotovoltaica de 12 megas na ilha de Santiago”, continuou.
Estes três projectos, em conjunto, conforme a mesma fonte, totalizam uma potência instalada de 24 megawatts, representando um investimento integral da APP, financiado através de banca comercial e emissão de Green Bonds na Bolsa de Cabo Verde.
A APP também é concessionária da mobilidade elétrica, através de uma concessão do Ministério da Indústria, Comércio e Energia.
Este projecto prevê a instalação de 110 postos de carregamento para veículos elétricos, abrangendo todas as ilhas habitadas, desde Ponta de Sol e Monte Trigo até à Brava.
Segundo Damià Pujol, a APP orgulha-se de estar presente com algum tipo de intervenção ou investimento em todas as ilhas do país, evoluindo de uma empresa de serviços auxiliares ao turismo para uma fornecedora de serviços básicos essenciais para toda a nação.
Na sequência das celebrações do 25º aniversário da Águas de Ponta Preta, o professor catedrático de Engenharia Ambiental da Universidade Politécnica da Catalunha, Rafael Mujeriego, partilhou em uma conferência, a sua perspetiva sobre o potencial das energias renováveis na gestão hídrica em contextos insulares, como Cabo Verde.
Mujeriego apontou para casos de sucesso semelhantes nas ilhas Canárias, onde comunidades com rendimentos modestos implementaram parques eólicos de pequena escala.
“Há casos muito semelhantes nas ilhas Canárias, onde uma população com uma renda mínima instala parques eólicos, alguns poucos molinos que, com a energia elétrica, geram eletricidade, que fazem com osmose inversas de sal em água marina, cultiva tomates e têm uma renda per capita muito superior”, explicou.
O professor enfatizou o conceito do "Nexus água e energia", destacando como a energia renovável pode ser uma ferramenta crucial para a produção de água potável em regiões com escassez hídrica.
Questionado sobre se Cabo Verde deveria explorar mais este potencial, Mujeriego adotou uma postura cautelosa quanto ao uso do termo "dever", mas reconheceu inequivocamente que esta é uma opção válida e comprovada, já implementada em diversas partes do mundo.