Na sua intervenção subordinada ao tema “O Futuro do Trabalho na Era da Inteligência Artificial”, Marcos Rodrigues destacou que as novas tecnologias representam, simultaneamente, enormes oportunidades e sérios desafios. Advertiu que a rápida transformação dos sistemas de produção e das formas de trabalho pode intensificar desigualdades sociais já existentes, caso não seja acompanhada por uma resposta articulada e responsável por parte de governos, empresas e trabalhadores.
“Torna-se essencial que saibamos usar a inteligência artificial com inteligência humana, a serviço de uma sociedade mais justa, mais inclusiva e mais humana”, afirmou o presidente da CCS, sublinhando a necessidade de manter os valores fundamentais como solidariedade, justiça e dignidade no centro da construção do futuro do trabalho.
Durante o seu discurso, Rodrigues realçou que, embora a tecnologia venha a eliminar determinadas funções, também criará novas profissões e novas formas de trabalho. Este processo de transformação, porém, exigirá um esforço contínuo de adaptação, aprendizagem e requalificação por parte de todos os envolvidos.
O líder da CCS defendeu que o sucesso nesta transição depende de uma acção coordenada entre todos os actores sociais.
O Governo, disse, deve assumir um papel de liderança, desenhando políticas públicas robustas e sustentáveis que invistam em educação de base, capacitação digital, formação contínua e mecanismos eficazes de protecção social.
As empresas, por sua vez, devem adoptar a inovação tecnológica com responsabilidade social, promovendo a requalificação dos seus colaboradores, valorizando o capital humano e criando ambientes laborais mais equitativos e inclusivos.
Os trabalhadores, por fim, devem estar abertos ao aprendizado contínuo, à adaptação e ao envolvimento activo na construção deste novo paradigma laboral.
Para Marcos Rodrigues, o debate em torno da inteligência artificial não pode estar restrito à dimensão técnica. Deve ser, acima de tudo, um projecto ético e colectivo, onde o progresso tecnológico esteja subordinado ao bem comum.
“O futuro do trabalho deve ser construído com base em valores humanos. Não se trata apenas de automatizar tarefas, mas de garantir que ninguém fique para trás”, concluiu.
A Conferência Internacional do Trabalho, que reúne anualmente representantes de governos, empregadores e trabalhadores de todo o mundo, decorre esta semana em Genebra, Suíça, e coloca no centro das atenções os grandes desafios estruturais do mundo laboral, entre eles a digitalização, a transição verde e o impacto da inteligência artificial.