Do lado da oferta, sectores como “Alojamento e Restauração” e “Transportes e Armazenagem” destacaram-se como motores do crescimento, enquanto a redução da inflação — que caiu para 1,0% em média anual, face a 3,7% em 2023 — contribuiu para o aumento dos rendimentos reais das famílias.
No plano externo, a balança corrente apresentou um superavit de 10,56 mil milhões de escudos, equivalente a 3,8% do PIB, beneficiando do aumento das exportações de serviços de turismo, reexportações de combustíveis e víveres, bem como do acréscimo das remessas dos emigrantes. Apesar da queda dos fluxos líquidos de financiamento externo e da redução do investimento directo estrangeiro em 34,2%, o país reforçou as reservas internacionais, que atingiram 736,2 milhões de euros, o suficiente para cobrir 6,5 meses de importações.
O BCV prosseguiu a normalização gradual da política monetária, subindo três vezes as taxas de juro de referência ao longo do ano, com o objectivo de reduzir o diferencial face à Área do Euro e proteger o regime cambial de peg fixo ao euro. Mesmo num contexto de política monetária mais restritiva, o crédito ao sector privado manteve-se dinâmico, crescendo 6,7%.
No campo orçamental, o défice global agravou-se para 1,1% do PIB, contra 0,3% em 2023, devido ao aumento das despesas e ao abrandamento das receitas. Ainda assim, o saldo primário estrutural manteve-se positivo (1,0% do PIB potencial), sinalizando uma política orçamental tendencialmente neutra. A dívida pública, incluindo Títulos de Rendimento de Mobilização de Capital (TRMC), reduziu-se ligeiramente, fixando-se em 114,9% do PIB, embora permaneça em níveis elevados.
O relatório sublinha que o aumento do contributo do emprego e da produtividade total dos factores (PTF) foi determinante para o crescimento, embora o nível médio da PTF continue baixo, limitando o potencial de expansão económica. O PIB per capita subiu para cerca de 4.451 dólares, enquanto em paridade do poder de compra (PPP) atingiu 9.367 dólares.
O BCV enfatiza a importância de prosseguir com reformas estruturais, fortalecer as finanças públicas, reduzir riscos fiscais das empresas públicas, modernizar a política monetária e reforçar a resiliência do sistema financeiro. A instituição alerta ainda para a necessidade de preparar políticas que respondam aos desafios das mudanças climáticas e promovam um crescimento liderado pelo setor privado.