Apesar de em Cabo Verde a aplicação “thisisyourdigitallife” não ter sido descarregada qualquer vez, a informação poderá ter sido acedida através de amigos que instalaram a referida aplicação, usada pela Cambridge Analytica para recolher os dados dos utilizadores.
A informação foi avançada ao Expresso das Ilhas por fonte oficial do Facebook.
A estimativa surge na sequência do maior escândalo em que o Facebook está envolvido, desde a sua fundação, em 2004.
Ao Expresso das Ilhas, o Facebook refere-se a “impacto potencial”, o que significa que, apesar da exposição, não é certo que a informação tenha sido de facto usada pela empresa britânica, fundada por Robert Mercer e Steve Bannon.
Estes mais de 7 mil utilizadores fazem parte dos 87 milhões potencialmente lesados. O novo número, consideravelmente superior aos 50 milhões inicialmente avançados, não é confirmado pela Cambridge Analytica, que garante ter processado dados de ‘apenas’ 30 milhões de perfis.
A actualização resulta de uma nova metodologia de cálculo, mais “expansiva”, usada pelo Facebook,
No topo da lista de países mais afectados, sem surpresas, estão os Estados Unidos (70,6 milhões de pessoas lesadas). Seguem-se as Filipinas (1,175 milhões), Indonésia (1,096 milhões) e o Reino Unido (1,079 milhões).
Esta quarta-feira, numa conferência telefónica com jornalistas de todo o mundo, Mark Zuckerberg foi categórico: “não fizemos o suficiente”.
“Não nos concentrámos o suficiente na prevenção do abuso", disse.
Os efeitos para o negócio de Zuckerberg não são ainda claros, mas os prejuízos são já evidentes. A gigante tecnológica registou, em Março, os dois piores dias em bolsa desde que começou a ser cotada, desvalorizando cerca de 50 mil milhões de dólares.
O caso está longe do seu final. O fundador e líder do Facebook será ouvido em breve pelo congresso norte-americano e o departamento jurídico pode contar com longas batalhas judiciais, interpostas pelos utilizadores afectados.