Fenda gigantesca vai dividir continente africano em dois

PorExpresso das Ilhas,16 abr 2018 6:32

​A enorme fenda abriu-se há poucos dias. Atravessou campos, estradas, vales, atingiu a reserva Masai, alarmou os habitantes. É o resultado de um caldeirão de fenómenos naturais, como a movimentação de placas tectónicas, terramotos e erupções vulcânicas.

“Debaixo dessa fenda há uma falha no terreno que está a separar África em duas”, explica o professor catedrático de Geodinâmica da Universidade de Granada, ao jornal “El País”. Juan Ignacio Soto diz que a divisão do continente é certa: “Sabemos que vai acontecer, só não sabemos quando”. Levará milhões de anos.

A enorme fenda que se abriu no Quénia é um aviso de que a Terra é um planeta em movimento. A superfície terrestre dividida em placas tectónicas que, ao se chocarem provocam fenômenos como terremotos e erupções vulcânicas, levantam montanhas e abrem vales. Esse mesmo movimento faz com que cada placa também seja instável. No caso da região oriental da placa africana, os constantes choques com as placas árabe e indiana, que a empurram pelo Norte, estão arrancando a porção Leste do continente africano. Sua manifestação mais visível é o Grande Vale do Rift, uma ampla faixa que vai de Moçambique, ao Sul, até o chamado Chifre da África e além.

“Por baixo há uma falha no terreno que está separando a África em duas”, explica Juan Ignacio Soto ao “El País”, acrescentando, entretanto, que o tempo da separação levará milhões de anos. “Sabemos que acontecerá, mas não quando”, acrescenta à mesma fonte. Em certa medida, é o processo inverso ao que gera cordilheiras como o Himalaia e os Andes. Enquanto estas se elevam pelo choque de duas placas que convergem, neste vale elas estão se separando.

Esses processos geológicos são lentos para a cronologia humana. “Às vezes se separam alguns milímetros, e em muitas outras a fractura ocorre no interior, sem que a vejamos”, explica o geólogo. Em outras, como desta vez, a fenda é superficial e com vários metros de largura.

A placa africana está se dividindo em duas novas

Não será a última vez que isso acontece. Há no subsolo um processo de divisão da placa africana em duas novas, a núbia a Oeste e a etíope a Leste. É esse mesmo processo que está por trás de algumas das maravilhas desta parte da África. E graças a elas também esta é a região do mundo com a maior parcela de biodiversidade que resta no planeta. Em algum momento, talvez dentro de 50 milhões de anos, haverá duas Áfricas, mas ainda não.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 854 de 11 de Abril de 2018.

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África

Autoria:Expresso das Ilhas,16 abr 2018 6:32

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  16 abr 2018 6:32

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