A camada de ozono está a ser destruída por emissões misteriosas

PorExpresso das Ilhas,28 mai 2018 7:01

Declínio de substâncias que destroem a camada de ozono abrandou 50% desde 2012. Não se sabe ao certo de onde vêm estas emissões, mas se continuarem vão atrasar a recuperação do buraco da camada de ozono.

Em forma de aerossóis ou refrigerantes, os clorofluorocarbonetos (CFC) foram identificados nos anos 80 como os responsáveis pelo buraco da camada de ozono. Por isso, vários países comprometeram-se a substitui-los. Agora, cientistas dos Estados Unidos, Holanda e Reino Unido voltaram a medir as concentrações de CFC na atmosfera e ficaram surpreendidos. A taxa de declínio de um tipo de CFC na atmosfera – o CFC-11 – abrandou cerca de 50% desde 2012. A equipa sugere num artigo científico publicado esta quinta-feira na revistaNatureque estas emissões se devam a novas fontes. Suspeita-se de que essas emissões sejam ilegais e possam vir do Leste asiático.

Em 1985, descobriu-se umburaco na camada de ozono sobre a Antárctida. Na altura, os cientistas perceberam que os químicos sintéticos CFC, usados em aerossóis, refrigerantes, solventes ou na produção de espuma rígida de empacotamento, eram os culpados pela destruição do ozono estratosférico. Esta camada é fundamental para os seres vivos porque absorve mais de 95% da radiação ultravioleta proveniente do Sol. Era necessária uma resposta a este problema. Portanto, em 1987, 150 países assinaram um tratado – o Protocolo de Montreal – em que se comprometiam a eliminar a produção destes gases.

“Como resultado destas acções, a concentração de CFC na atmosfera atingiu um pico em meados e finais dos anos 90 e tem vindo constantemente a descer desde então”, refere Michaela Hegglin, da Universidade de Reading (Reino Unido) e que não participou no trabalho,num comentário ao artigo científico também na Nature, citado pelo Público. “Como a destruição de CFC na estratosfera é um processo lento, a sua remoção da atmosfera levará muitas décadas.”

Agora há más notícias relacionadas com um tipo de CFC, o CFC-11, também conhecido como triclorofluorometano. É um dos CFC que foram desenvolvidos para os refrigerantes nos anos 30 e também é usado em aerossóis ou solventes. Quando é libertado, pode permanecer 50 anos na atmosfera e era o segundo gás que destruía o ozono mais abundante na atmosfera. Mas, entre 2002 e 2012, conseguiu-se que as suas concentrações diminuíssem.

Vamos então às novas notícias: a partir de 2012, verificou-se que o seu declínio abrandou cerca de 50%. “Temos vindo a fazer medições há mais de 30 anos e isto é do mais surpreendente que temos visto”, reage Stephen Montzka, da agência dos oceanos e da atmosfera dos EUA (NOAA) e um dos autores do trabalho, ao jornalThe Washington Post. “As emissões [deste CFC] foram mais altas cerca de 25% em 2014 do que entre 2002 e 2012”, frisa por sua vez ao PÚBLICO Michaela Hegglin.

O aumento das emissões de CFC-11 foi detectado em plumas de ar no Observatório de Mauna Loa, no Havai. No artigo científico, sugere-se que é provável que estas emissões estejam a ser lançadas no Leste asiático. Mas não é a única opção considerada pelos cientistas no artigo: “Embora esta prova [das plumas] sugira fortemente que o aumento das emissões venha do Leste asiático depois de 2012, mudanças no período de vida do CFC-11 ou da dinâmica nas trocas entre as estratosfera e a troposfera poderão influenciar a magnitude das emissões.”


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 860de 23 de Maio de 2018.

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CFC Holanda

Autoria:Expresso das Ilhas,28 mai 2018 7:01

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  28 mai 2018 7:01

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