Uma inflexão no campo magnético de Europa observada pela sonda Galileu (da NASA) em 1997 parece ter sido provocada pelo jorro de um géiser através da sua crosta congelada, vindo de um oceano por baixo da superfície – segundo um grupo de investigadores, coordenados por Xianzhe Jia (da Universidade do Michigan, EUA), que reexaminou os dados da sonda Galileu e publicou agora estes resultados na revista Nature Astronomy.
Esta sonda passou a apenas 200 quilómetros da superfície de Europa quando, aparentemente, terá voado através da pluma de água. Um pouco mais pequena do que a nossa Lua, Europa tem um oceano por baixo de uma camada de gelo com 15 a 25 quilómetros de espessura e uma profundidade estimada entre 60 e 150 quilómetros.
“Sabíamos que Europa tem muitos ingredientes necessários à vida, pelo menos para a vida tal como a conhecemos. Tem água. Tem energia. Há alguma quantidade de carbono. Mas a habitabilidade de Europa é uma das grandes questões que queremos compreender”, disse a investigadora planetária Elizabeth Turtle, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, citada pelo jornal Público. “E uma das coisas realmente entusiasmantes da detecção de uma pluma é que isso significa que há materiais do oceano – provavelmente a parte mais habitável de Europa, por ser mais quente e protegida da radiação ambiental graças à sua crosta de gelo – que vêm para fora dessa casca de gelo”, afirmou Elizabeth Turtle numa conferência de imprensa da NASA.
A descoberta corrobora outras provas de plumas na lua Europa, cujo oceano poderá ter duas vezes o volume de água de todos os oceanos da Terra. Em 2012, o telescópio espacial Hubble fez observações da radiação ultravioleta da lua que sugeriam a existência de plumas, embora essa interpretação fosse alvo de debate.
A NASA irá fazer uma grande aproximação a Europa com uma nova sonda, a Europa Clipper, que poderá ser lançada no espaço já em 2022, o que será uma oportunidade de recolha de amostras das plumas à procura de sinais de vida, talvez microbiana, nos seus oceanos. E a Agência Espacial Europeia (ESA) também pretende lançar em 2022 a sonda Jupiter Icy Moons Explorer (Juice). Ambas deverão chegar ao destino no final da década de 2020, início da década de 2030.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 860de 23 de Maio de 2018.