Um estudo publicado na revista The Lancet HIV mostra que o VIH-2 é mais patogénico do que se pensava. O trabalho inédito, que envolveu 4900 pessoas acompanhadas durante 23 anos com exames anuais que incluíram análises de sangue, demonstra que as pessoas infectadas com VIH-2 desenvolvem infecções associadas ao vírus e à sida de uma forma idêntica aos doentes com VIH-1.
Segundo o jornal Público, até agora o VIH-2 sempre foi associado a uma variante mais branda, menos agressiva do vírus. Mas, ao que tudo indica, apenas se manifesta de forma mais lenta. Os resultados do estudo, escreve o jornal português, levam os seus autores a defender que o tratamento precoce com anti-retrovirais deve ser aplicado a todos os doentes com VIH.
Estudos anteriores indicaram que uma grande proporção de pessoas com VIH-2, mesmo sem tratamento anti-retroviral, teria uma expectativa de vida normal sem complicações, ao contrário daquelas com HIV-1 para quem a ausência de tratamento leva ao desenvolvimento da doença e manifestação em mais de 98% dos casos, argumentam os investigadores. Aliás, notam, “nem mesmo nas recomendações de tratamento da OMS é explicitamente referido que o tratamento deve ser oferecido a pacientes com VIH-2”. Joakim Esbjörnsson, um dos autores do estudo, espera que este trabalho ajude a “desmantelar a crença” que existe no campo da investigação e da saúde pública e que se baseia no facto de o VIH-2 não levar à doença da mesma forma que o VIH-1.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 889 de 12 de Dezembro de 2018.