No sesquicentenário da proposta original do químico russo Dmitri Mendeleiev, o braço de educação e cultura da Organização das Nações Unidas (UNESCO) e o organismo não-governamental internacional de regulação da química (IUPAC) lançaram o Ano Internacional da Tabela Periódica.
A tabela periódica de Mendeleiev deu uma organização aos elementos químicos então conhecidos. É notável como um químico de São Petersburgo natural de Tobolsk, na Sibéria, nos primórdios da química, pôde ter o rasgo de organizar os elementos conhecidos pela ordem crescente das suas massas atómicas, verificando a notável regularidade de várias propriedades e prevendo a existência de quatro novos elementos apenas pelas lacunas que encontrou na sua tabela.
Assim se deram importantes passos no avanço da ciência. Começando por notar a regularidade de algumas observações, o cientista é levado a extrapolar, a prever comportamentos desconhecidos que ficam a aguardar confirmação experimental. Só a verificação da tese proposta leva à aceitação do modelo teórico e ao avanço definitivo para um novo nível de conhecimento. Assim aconteceu com Mendeleiev com a sua comunicação de 6 de Março de 1869, em russo, e a publicação numa revista local pouco conhecida. Só a publicação de uma breve nota na revista alemã Zeitschrift für Chemie, ainda em 1869, veio a dar visibilidade e mais tarde reconhecimento a esta proposta.
A maioria dos átomos dos elementos é criada recorrentemente no interior das estrelas, mas na Terra temos de nos contentar com o que recebemos da época primordial da sua formação. Um simples telemóvel contém mais de 30 elementos, alguns muito escassos e difíceis de obter. Se são conhecidos os conflitos militares desencadeados pela riqueza petrolífera, começa a haver ameaças de conflitos internacionais pelo acesso a elementos raros, mas cruciais para as tecnologias modernas.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 897 de 6 de Fevereiro de 2019.