Na quinta-feira foram conhecidos os resultados de um estudo que revelava que o antiviral Remdesivir, considerado um dos tratamentos mais promissores para a covid-19, era ineficaz na prevenção da morte de pacientes.
Os resultados do estudo Solidarity, realizado com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram tornados públicos pelo jornal Financial Times, antes de serem divulgados numa publicação revista por pares e de serem publicados numa revista científica.
O estudo, que envolveu mais de 11 mil pessoas em 30 países, veio contradizer outros estudos americanos que mostraram que o Remdesivir poderia reduzir o tempo de internamento hospitalar.
Em comunicado enviado hoje para a Lusa, a farmacêutica Gilead sublinha que os resultados “parecem inconsistentes com a evidência mais robusta proveniente de vários estudos aleatorizados e controlados, divulgados em publicações revistas por pares”.
A farmacêutica diz-se preocupada com o facto de os “dados do ensaio global, de desenho aberto, não tenham sido submetidos à necessária revisão rigorosa para permitir uma discussão científica construtiva, em especial dadas as limitações na conceção do estudo”.
Além disso, refere ainda a Gilead, o ensaio possibilitou o acesso precoce a Veklury, entre outros tratamentos em investigação para o tratamento da covid-19, a doentes em todo o mundo, “particularmente em países onde não estavam a ser realizados ensaios clínicos de tratamentos em investigação”.
Ora, para a farmacêutica, “não é claro que seja possível retirar quaisquer conclusões definitivas dos resultados”, uma vez que a conceção deste ensaio permitiu uma “heterogeneidade significativa na adoção, implementação, controlo e amostragem (populações de doentes)”.
A farmacêutica volta a recordar que os outros três ensaios clínicos revelaram as vantagens do tratamento em doentes hospitalizados.
Os ensaios realizados pelo National Institute for Allergy and Infectious Diseases (NIAID), conduzido nos Estados Unidos e na Europa, “revelaram que o tratamento com Veklury resultou em melhorias clinicamente significativas através da avaliação de múltiplos parâmetros em doentes hospitalizados com covid-19”.
No comunicado enviado para a Lusa, a farmacêutica lembra que estes resultados foram revistos e publicados numa revista científica.
“Estes dados sustentaram, ainda, aprovações regulamentares, ou autorizações provisórias, para tratar a covid-19 em cerca de 50 países em todo o mundo. Congratulamo-nos ainda pelo facto da OMS ter pré-qualificado o remdesivir, o que assegura a entidades como as Nações Unidas, que Veklury cumpriu padrões globais de qualidade, segurança e eficácia”, acrescenta.
Remdesivir fez parte do tratamento experimental que foi recentemente administrado ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando este esteve doente, no final de setembro.