China lança uma missão para trazer rochas lunares à Terra

PorExpresso das Ilhas,29 nov 2020 8:09

Sonda não tripulada Chang’e 5 é a última de uma série de missões cada vez mais complexas.

A China pretende realizar um novo feito na exploração espacial nesta semana, depois de ter enviado uma missão a Marte em Julho. Uma sonda espacial, a Chang’e 5, saiu na madrugada de terça-feira, em direcção à Lua para recolher rochas e outras amostras de solo e transportá-las para a Terra, na primeira missão deste tipo em mais de quarenta anos. Os cientistas esperam que, sendo bem-sucedida, a missão permita entender melhor como nosso satélite evoluiu, e até datar com mais precisão as superfícies de outros planetas, como Marte e Mercúrio.

O lançamento ocorreu na base espacial de Wenchang, na ilha tropical chinesa de Hainan, às 4h30 da madrugada na China, quando o foguete Longa Marcha-5 que transporta a sonda saiu da plataforma.

A sonda Chang’e 5, assim chamada em referência a uma deusa que, segundo a tradição chinesa, mora na Lua, pesa oito toneladas e é composta de quatro módulos, que se encarregarão respectivamente da órbita em torno ao satélite, da alunagem, da decolagem lunar e do retorno à Terra.

Se a missão for bem-sucedida, o módulo de alunagem chegará a um ponto até agora inexplorado do lado mais próximo da Lua, nas proximidades do monte Rümker, uma área vulcânica a 1.300 metros de altitude na região conhecida como Oceanus Procellarum (“Oceano das Tempestades”), uma vasta planície de lava escura visível da Terra. Lá, a sonda escavará a superfície lunar até chegar a dois metros de profundidade e recolherá dois quilos de solo e rocha.

A operação durará um dia lunar, equivalente a duas semanas terrestres e não pode se prolongar já que o frio da noite no satélite, com temperaturas que chegam a 170 graus abaixo de zero, pode afectar o funcionamento dos delicados mecanismos do artefacto espacial. O módulo de regresso armazenará as amostras e irá trazê-las a nosso planeta. A sonda, de acordo com os cálculos, deve chegar à Terra no começo de Dezembro num ponto da província chinesa da Mongólia Interior.

O seu retorno sem incidentes transformará a China no terceiro país a conseguir transportar material lunar, algo que até agora somente os Estados Unidos e a União Soviética conseguiram, em missões lançadas nas décadas de sessenta e setenta; a última delas, a soviética Lua 24, foi completada em 1976.

O sucesso também significaria que a China conseguiu completar a terceira e última fase de seu programa lunar actual: orbitar, alunar e retornar. Já havia realizado as duas primeiras: sua missão anterior, a Chang’e 4, chegou em Janeiro de 2019 à face oculta da Lua. Em 2003 já havia conseguido depositar seu primeiro veículo explorador do solo lunar, Yutu (Lebre de Jade), no satélite.

“Esta é a primeira missão não tripulada de colecta de amostras e retorno da Lua”, afirmou o porta-voz da Agência Espacial Nacional Chinesa (CNSA), Pei Zhaoyu, em declarações feitas à televisão estatal chinesa. “Este trabalho é mais complicado do que apanhar à mão amostras do solo lunar”.

A missão estava prevista para 2017, mas teve de ser adiada por uma falha no foguetão. Desta vez, um dos responsáveis do projecto, Liu Bing, frisou que “outros lançamentos anteriores comprovaram certas tecnologias fundamentais, de modo que desta vez temos mais confiança. Agora centramo-nos em medidas de controlo no lugar do lançamento”.

Os especialistas acreditam que o material obtido, rochas submetidas durante milhões de anos a impactos de meteoros, vento solar e radiações de raios cósmicos, ajudará a esclarecer como a Lua evoluiu. Até agora acreditava-se que a actividade vulcânica do satélite acabou há 3,5 mil milhões de anos, ainda que algumas observações mais recentes da superfície lunar indiquem que talvez o núcleo do satélite tenha se mantido activo até somente um ou dois mil milhões de anos.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 991 de 25 de Novembro de 2020. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,29 nov 2020 8:09

Editado porAndre Amaral  em  29 nov 2020 8:09

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