Vacina da covid-19 da BioNTech abre uma nova via contra a esclerose múltipla

PorExpresso das Ilhas,24 jan 2021 7:50

Laboratório alemão testa com sucesso uma ‘vacina’ de ARN mensageiro em ratos capaz de reverter paralisia semelhante à de pacientes com esta doença.

A ideia por trás das vacinas de ARN mensageiro contra a Covid-19 é tão simples que seus criadores acreditam que não há limites de aplicação a outras infecções e doenças. Sua abordagem, como relata o El País, é introduzir no paciente uma mensagem genética escrita em uma molécula de ARN para que suas próprias células produzam as proteínas de que necessita para imunizar-se. Há poucos dias, a equipa que desenvolveu a primeira vacina eficaz contra o coronavírus, a da BioNTech, publicou um estudo ainda em fase inicial que exemplifica o potencial dessa técnica, já que conseguiram reverter em animais uma doença cuja causa é desconhecida e para a qual não há cura, a esclerose múltipla.

Segundo a mesma fonte, a mãe da vacina da BioNTech contra a covid-19, Katalin Karikó, acaba de publicar um estudo em conjunto com o CEO da empresa e também o cientista Ugur Sahin no qual mostram que uma molécula de ARN mensageiro pode fazer o sistema imunológico de ratos que padecem de uma doença semelhante à esclerose múltipla aprender a tolerar a mielina e, portanto, parar de causar danos.

O trabalho, publicado na Science, mostra que um tratamento baseado num ARN mensageiro modificado foi bem tolerado por animais. A injecção é essencialmente muito semelhante à da vacina contra a Covid-19, mas neste caso produz uma proteína capaz de modular o sistema imunológico. Os ratos tratados mostraram num primeiro momento a interrupção dos primeiros sintomas e, em seguida, a reversão da doença. Em alguns casos, a vacina reverteu a paralisia que os animais sofriam. Além disso, pesquisadores mostraram que essa vacina não impede que o sistema imunológico dos animais identifique outros patógenos quando eles aparecem, como o da gripe.

Atualmente existem mais de 10 tratamentos aprovados contra a esclerose múltipla em humanos. São medicamentos que modulam a resposta do sistema imunológico, mas têm efeitos colaterais, como reduzir a eficácia das defesas contra outros patógenos.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 999 de 20 de Janeiro de 2021.

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Autoria:Expresso das Ilhas,24 jan 2021 7:50

Editado porSara Almeida  em  24 jan 2021 7:50

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