De acordo com o siteScience Alert, em 2019, um grupo de cientistas já tinha chegado a umaconclusãosemelhante, notando que as bactérias estavam a perder toda a sua parede celular para se contorcer e escapar aos medicamentos.
Nesta pesquisa mais recente, investigadores da Universidade Carnegie Mellon, da Universidade College London e da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos e em Inglaterra, descobriram que a parede celular permaneceu intacta, mas se esticou dramaticamente para formar uma nova forma de C.
Mas como é que chegaram a esta conclusão? Segundo o site zap.aeiou.pt, os investigadores pegaram na bactéria Caulobacter crescentus, geralmente encontrada em lagos de água doce e em riachos, e adicionaram-lhe uma pequena quantidade do antibiótico cloranfenicol para ver a sua reacção.
A quantidade de antibiótico não foi suficiente para matar a maioria das bactérias, mas fez diminuir a sua taxa de crescimento. Porém, após cerca de dez gerações de baixa exposição a antibióticos, a C. crescentus começou a mudar fisicamente: expandindo-se e curvando-se em forma de C. E isto foi suficiente para que a taxa de crescimento bacteriano aumentasse para níveis quase pré-cloranfenicol.
“Demonstrámos que as mudanças na forma das células agem como uma estratégia de feedback para tornar as bactérias mais adaptáveis aos antibióticos. Estas mudanças de forma permitem-lhes superar o stress dos antibióticos e retomar um rápido crescimento”, disse Shiladitya Banerjee, biofísico da Universidade Carnegie Mellon, citado pela mesma fonte, e o autor principal do estudo publicado, a 4 de Janeiro, na revista científica Nature Physics.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1002 de 10 de Fevereiro de 2021.