Cientistas restauram função cerebral em porcos – uma hora após a morte

PorExpresso das Ilhas,14 ago 2022 7:34

Cientistas conseguiram reactivar a circulação sanguínea e outras funções celulares em corpos de porcos que morreram pouco antes, revela um estudo que dá esperanças para uma futura utilização na medicina, embora levante questões éticas.

Em 2019, uma equipa de investigadores sediados nos Estados Unidos surpreendeu a comunidade científica, ao restaurar com sucesso a função celular no cérebro de porcos, algumas horas depois da sua decapitação.

Na sua última investigação, publicada na quarta-feira na revista Nature, estes mesmos cientistas procuraram estender esta técnica a todo o corpo do animal.

Os cientistas causaram um ataque cardíaco em porcos anestesiados, que, escreve a agência Lusa, interromperam o fluxo sanguíneo e privaram as suas células de oxigénio. Sem oxigénio, as células dos mamíferos morrem.

Depois de uma hora, os investigadores injectaram nos cadáveres um líquido contendo o sangue dos porcos (retirado enquanto vivos) e uma forma sintética de hemoglobina – a proteína que transporta oxigénio nos glóbulos vermelhos.

Administraram também medicamentos que protegem as células e previnem a formação de coágulos sanguíneos.

O sangue começou a fluir novamente e muitas células voltaram a funcionar, inclusive em órgãos vitais como o coração, fígado e rins, durante as seis horas seguintes.

“Estas células estavam a funcionar horas depois, quando não deviam. Isso mostra que o desaparecimento de células pode ser interrompido”, sublinhou Nenad Sestan, principal autor do estudo e investigador da Universidade de Yale, citado pela mesma fonte.

“Perante este estudo, muitos processos que pensávamos irreversíveis não seriam”, destacou à agência France-Presse (AFP).

“E, de acordo com a definição médica actual de morte, uma pessoa pode não estar realmente morta durante horas”, através de alguns processos, acrescentou. Esta descoberta também pode desencadear um debate sobre a ética de tais procedimentos. Especialmente porque quase todos os porcos fizeram fortes movimentos com a cabeça e o pescoço durante a experiência, segundo o relato de Stephen Latham, um dos autores do estudo.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1080 de 10 de Agosto de 2022. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,14 ago 2022 7:34

Editado porA Redacção  em  14 ago 2022 7:34

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