Um “grande progresso científico” com um “grande resultado”. Cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, no Estado norte-americano da Califórnia, anunciaram, esta terça-feira, um feito histórico: reproduziram o poder do sol em laboratório. Num termo mais técnico, conta o observador.pt, os especialistas norte-americanos conseguiram pela primeira vez produzir numa reacção de fusão nuclear mais energia do que a que foi consumida.
De acordo com o Financial Times, a reacção produziu 2,5 megajoules de energia face aos 2,1 megajoules usados para alimentar os lasers que serviram para bombardear isótopos de hidrogénio mantidos num estado de plasma sobreaquecido com o intuito de fundi-los em hélio, libertando um neutrão e energia limpa (livre de carbono).
“O facto de que fomos capazes de obter mais energia do que a que perdemos providencia uma prova de que é possível avançar na reacção de fusão nuclear”, afirmou Mark Herrmann, director do programa de física no laboratório de Livermore, citado pelo New York Times. O mesmo especialista tem a esperança de que esta tecnologia possa ainda ser “trabalhada e melhorada”, de maneira a “potencialmente ser uma fonte de energia no futuro”.
De um ponto de vista ambiental, a escolha pela fusão tem um grande apelo, uma vez que é uma energia limpa, que não produz efeitos de gases de estufa – ao contrário dos combustíveis fósseis ou mesmo a energia nuclear. Durante décadas, tentou-se produzir mais energia do que aquela despendida para alimentar os lasers – que precisam da rede elétrica – e cuja energia que irradiam é depois transformada na energia de fusão.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1098 de 14 de Dezembro de 2022.