O mamífero que não envelhece pode ser a chave para derrotarmos o cancro

PorExpresso das Ilhas,30 jan 2023 8:14

Não é segredo para ninguém que o rato-toupeira-nu — aquele roedor enrugado e quase sem pelos, com longos dentes salientes — não é o animal mais atraente do planeta.

Mas essas criaturas compensam a sua pouca beleza com uma série de características extraordinárias que têm chamado a atenção de zoólogos e investigadores da medicina em todo o mundo.

Apesar do seu pequeno tamanho (que varia entre 7,6 e 33 cm), o rato-toupeira-nu vive, em média, 30 anos. O roedor é resistente a doenças crónicas, incluindo diabetes, e tem um notável sistema reprodutor.

Também beneficiam o meio ambiente, conta o zap.aeiou.pt, agindo como “engenheiros do ecossistema” e aumentando a biodiversidade do solo ao cavar as tocas onde fazem os seus ninhos.

Imunes às dores e ao envelhecimento, estas criaturas de aparência estranha fascinam os cientistas há muito tempo. Agora, as pesquisas revelam que eles podem ter a chave para entender uma série de condições humanas, como o cancro e o envelhecimento.

Como é que escapa às doenças?

O motivo por que o rato-toupeira-pelado escapa ao cancro ainda é um mistério.

Uma teoria diz que os ratos-toupeiras-pelados têm uma forma particularmente eficaz de mecanismo anticancro chamada senescência celular — uma adaptação evolutiva que evita que as células lesionadas se dividam fora de controlo e desenvolvam câncer. Outra teoria sugere que esses roedores secretam um “superaçúcar” complexo que impede que as células se aglomerem e formem tumores.

As pesquisas mais recentes concentram-se em condições próprias dos seus corpos que impedem a multiplicação das células cancerígenas. Especialistas da Universidade de Cambridge indicam que interacções com o microambiente interno do rato-toupeira-nu — o complexo sistema de células e moléculas em volta de uma célula, incluindo o sistema imunológico — evitam a doença e não um mecanismo inerente resistente ao cancro.

Numa experiência na Universidade de Cambridge, investigadores analisaram 79 linhagens celulares diferentes, cultivadas em tecidos do intestino, rim, pâncreas, pulmão e pele de 11 ratos-toupeiras-nus individuais. Os cientistas infetaram as células com vírus modificados para introduzir genes causadores do cancro.

Para sua surpresa, as células dos ratos-toupeiras-pelados infectados começaram a multiplicar-se rapidamente. Isso confirmou que é o ambiente do corpo do roedor que evita o desenvolvimento do cancro e não uma característica a nível celular. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1104 de 25 de Janeiro de 2023.

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Expresso das Ilhas,30 jan 2023 8:14

Editado porAndre Amaral  em  30 jan 2023 8:14

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.