Uma equipa de investigadores da Universidade de Bristol descobriu, conta o site zap.aeiou.pt, que há um gene numa população de centenários que os ajudou a manter os seus corações jovens e a protegê-los de doenças associadas ao envelhecimento.
Este gene foi encontrado num grupo de pessoas que vive nas zonas azuis do planeta — as zonas azuis referem-se a partes do mundo onde a população vive mais do que a média e incluem Okinawa, no Japão, Sardenha, em Itália, Nicoya, na Costa Rica, Icária, na Grécia e Loma Linda, nos Estados Unidos.
Os indivíduos que vivem nestas zonas ultrapassam frequentemente os 100 anos de idade e também têm menos doenças cardiovasculares. A nova pesquisa publicada na Cardiovascular Research procurou entender porquê e os cientistas descobriram que há um gene comum a muitos centenários que protege as células contra o envelhecimento.
Uma administração única deste gene mutante anti-idade travou a degradação das funções cardíacas em ratos de meia idade. Quando administrado a ratos idosos, este gene rejuvenesceu a idade biológica do coração a um equivalente humano de mais de 10 anos, escreve o Interesting Engineering.
A pesquisa também analisou o efeito do gene em células humanas de pacientes idosos com problemas cardiovasculares, incluindo alguns que foram alvos de transplantes, e comparou o seu funcionamento com o de indivíduos saudáveis.
“As células dos pacientes idosos, em particular aquelas que suportam a construção de novos vasos sanguíneos, chamadas ‘pericitos’, mostraram-se menos eficientes e mais envelhecidas. Ao adicionar o gene/proteína da longevidade ao tubo de ensaio, observamos um processo de rejuvenescimento cardíaco: as células cardíacas de pacientes idosos com insuficiência cardíaca voltaram a funcionar adequadamente, mostrando-se mais eficientes na construção de novos vasos sanguíneos”, explica a autora principal do estudo, Monica Cattaneo, citada pela mesma fonte.
Sabe-se também que os centenários passam os seus genes mais saudáveis para os seus descendentes e esta pesquisa pode ter finalmente decifrado que gene é esse. Os autores acreditam que a descoberta pode alimentar uma “nova onda de tratamentos inspirada pela genética dos centenários”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1105 de 1 de Fevereiro de 2023.