#ELASnaTech: Cibersegurança em tempos de Inteligência Artificial

PorAny Keila Pereira,2 mar 2025 16:15

Any Keila Pereira - Engenheira informática, cientista de dados e entusiasta de cibersegurança
Any Keila Pereira - Engenheira informática, cientista de dados e entusiasta de cibersegurança

A integração da Inteligência Artificial (IA) nas nossas vidas é inevitável. Ela vem trazendo avanços, mas também desafios, sobretudo na cibersegurança. Se por um lado é usada para ataques sofisticados, por outro, pode ser usada para melhorar a segurança dos sistemas.

Neste artigo, exploro como a IA pode ser aliada da cibersegurança, inspirando-me no meu livro “Resilience to Cyber-Attacks in Critical Infrastructures of Portugal” e na minha experiência como founder da Maaip, uma plataforma em desenvolvimento, que utiliza IA para simplificar viagens em África.

A cibersegurança, baseia-se em 3 princípios fundamentais:

Confidencialidade - dados acessíveis apenas a utilizadores autorizados;

Integridade - dados não devem ser alterados sem permissão;

Disponibilidade - dados devem ser acessíveis quando necessários.

Considerando que um sistema só é seguro quando garante esses 3 princípios, conseguimos identificar vários exemplos do uso de IA para comprometer a segurança dos sistemas, como:

Chatbots de IA expondo informações confidenciais (confidencialidade);

Uso de IA para alterar de mídia fotos, vídeos e voz (integridade);

Uso de IA para massificação de ataques DDoS automatizados, derrubando servidores e impedindo acesso aos serviços (disponibilidade), entre outros.

Inteligência Artificial como aliada da cibersegurança

Entretanto, da mesma forma que a IA tem sido usada para pôr em causa a segurança dos sistemas, a mesma pode ser usada para tornar os mesmos mais seguros. A IA aplicada à cibersegurança permite, entre outras coisas, a:

Detecção preditiva de ameaças por análise de padrões;

Automatização da resposta a incidentes em tempo real;

Autenticação biométrica com reconhecimento facial e análise de comportamento.

Para além desses pontos identificados, a IA pode ser usada para mitigar a que é a maior causa do risco em cibersegurança - o Erro Humano! Ela pode ser usada no Treinamento e Conscientização, principalmente para tornar as políticas de segurança mais simples e claras por parte dos funcionários e utilizadores em geral.

É importante salientar que a aplicação da IA na cibersegurança traz consigo vários desafios, dentre outros, a confiabilidade dos modelos. Sendo assim, as empresas devem combinar a IA com outros métodos de segurança, como monitoramento humano e outras políticas de segurança adequadas.

A IA é uma realidade e deve ser vista como uma oportunidade para construir sistemas mais seguros e inteligentes. Seu impacto depende do uso que fazemos dela: pode tanto facilitar a desinformação quanto ampliar o acesso a informações precisas e análises mais eficazes de ameaças.

A maior causa do risco em cibersegurança foi, é, e continua a ser o erro humano. Assim como qualquer tecnologia ao longo da história, a IA é uma ferramenta - sendo assim cabe a nós usá-la de forma responsável e inovadora para criar um ambiente digital mais seguro para todos.

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Autobiografia da autora

Nascida e criada em Assomada, Cabo Verde, sou engenheira informática, cientista de dados e entusiasta de cibersegurança. Graças à flexibilidade do trabalho remoto, vivo atualmente entre Cabo Verde e Portugal, dedicando-me a impulsionar a transformação digital e a inspirar meninas e mulheres a conquistarem o seu espaço em áreas tecnológicas tradicionalmente dominadas por homens.

O meu interesse pela cibersegurança surgiu durante o mestrado, altura em que escrevi um livro pioneiro sobre o tema – um feito inédito para Cabo Verde, sendo o primeiro livro de cibersegurança escrito por um cabo-verdiano e o primeiro livro de informática escrito por uma mulher cabo-verdiana. Ao longo da minha trajetória, publiquei vários artigos científicos reconhecidos internacionalmente, tendo um deles sido distinguido com o Best Position Paper Award na 13.ª Conferência Internacional de Software e Tecnologias no Porto.

Em 2022 ganhei o prémio Cabo Verde Prize for Girls and Women in ICT, como a melhor tese escrita por uma mulher cabo-verdiana na área das TIC nos últimos três anos. Já fui também homenageada na Gala Cabo Verde Sucesso, em Portugal, na categoria de Ciência e Tecnologia, pelo meu papel como referência na diáspora.

Além da tecnologia, sou founder da startup Maaip, focada no uso da Inteligência Artificial para melhorar a experiência de viajar em África. Em 2024, minha startup participou do Web Summit como Alpha Startup e foi destacada como startup promissora, participando em várias dinâmicas exclusivas, incluindo pitch no palco e exibição nos ecrãs principais do evento.

Sou apaixonada por viagens e pela riqueza do continente africano e acredito no poder da tecnologia para impulsionar o desenvolvimento e a conexão no Continente. Meu propósito é claro: ver a África transformar-se digitalmente e incentivar mais mulheres a liderar essa revolução tecnológica.

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  • Referência: Pereira, A. K. (2023). Resilience to Cyber-Attacks in Critical Infrastructures of Portugal. Pedro Cardoso Livraria.
  • Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1213 de 26 de Fevereiro de 2025.
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    Autoria:Any Keila Pereira,2 mar 2025 16:15

    Editado porNuno Andrade Ferreira  em  3 mar 2025 12:30

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