Como aponta a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a ciência alerta que os ecossistemas que sustentam a rica biodiversidade estão a entrar em colapso.
Os efeitos indirectos vão afectar todas as formas de vidas como são conhecidas hoje. A agência da ONU aponta que para os países em desenvolvimento, as esperanças de desenvolvimento através do crescimento económico serão frustradas.
Soluções
No entanto, existem soluções disponíveis, incluindo muitas práticas antigas, tradicionais e localizadas. Para a UNCTAD, elas podem ajudar nos esforços para se viver nos limites oferecidos pela Terra.
A directora do Comércio Internacional e Commodities da Unctad, Pamela Coke-Hamilton, acredita que todos podem “fazer algo sobre isso, desde o menor consumidor até à maior empresa". Para ela, está é uma responsabilidade que não pode ser ignorada.
Hamilton acrescenta que sem a biodiversidade, também não existem negócios.
BioTrade
Em Setembro, como parte do primeiro Fórum de Comércio da ONU, o 5º. Congresso BioTrade, BioComércio em português, examinou as mudanças necessárias para conter a perda de biodiversidade por meio de práticas sustentáveis e da construção de cadeias de suprimentos mais sustentáveis, desde a base até ao topo.
Para a directora de Assuntos Económicos da UNCTAD, Lorena Jaramillo Castro, “fazer escolhas difíceis de consumo significa uma mudança de estilo de vida, mas isso é um preço mais baixo para promover a sustentabilidade e aprender a viver dentro de limites.”
Lorena Jaramillo Castro acrescenta que essas acções “também podem pressionar os produtores a respeitar a biodiversidade e a sustentabilidade, do solo à prateleira da loja”.
Por isso, a UCTAD preparou uma lista com as cinco principais conclusões do congresso, que dão dicas de como os consumidores podem fazer a diferença ao “comprar pela biodiversidade”:
1. Procure conhecer os rótulos favoráveis à biodiversidade
Os rótulos dos produtos são importantes, por serem indicadores de todas as certificações, do orgânico ao comércio justo e ao meio ambiente, e mostram se as empresas estão a considerar as práticas éticas e sustentáveis para as pessoas e para o planeta.
Quando comprar produtos, procure rótulos com logótipos como o da Union for Ethical BioTrade, que foi criada a partir da iniciativa BioTrade da UNCTAD.
2. Evite produtos feitos de espécies ameaçadas de extinção
Faça escolhas conscientes, garantindo que os produtos que compra não sejam feitos de animais ou plantas protegidas ou em perigo de extinção.
Alguns produtos também podem exigir licenças. Portanto, ajude a preservar o futuro das espécies assegurando a obtenção de autorizações relevantes ou de uma licença da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres.
3. Conheça a legalidade e a fonte dos ingredientes dos seus produtos de biodiversidade
Os países têm direitos soberanos sobre sua biodiversidade, incluindo os seus recursos genéticos. Portanto, ao desenvolver ou conduzir pesquisas sobre novos ingredientes obtidos através da biodiversidade, cumpra as leis de Acesso e Repartição de Benefícios (ABS), dos locais de onde estes são originários. O cumprimento da ABS ajuda a conservar a biodiversidade e fornece um forte incentivo ao uso sustentável dos recursos.
4. Valorize o que é indispensável para viver
A biodiversidade está ao redor do planeta. É o ar que se respira e a comida que se come. Uma biodiversidade rica evita as mudanças climáticas, ajuda a descobrir novas curas medicinais para doenças e fornece alimentos. Compreender a importância da biodiversidade e ajudar a protegê-la reforça um estilo de vida em harmonia com a natureza. Também obriga a considerar o custo real do comércio da biodiversidade, a priorizar e a apoiar a produção e o consumo ético e sustentável.
5. Coma menos carne e lacticínios
Segundo um relatório recente, 90% das terras ricas em biodiversidade do mundo serão utilizadas para fins agrícolas devido ao aumento da procura por carne e lacticínios. Segundo a UCTAD, um menor consumo de carne e lacticínios ajudaria a reduzir as emissões de carbono. Por exemplo, se um cidadão americano médio substituísse um terço da carne bovina que consome por carne de porco, aves ou legumes, as suas emissões relacionadas a alimentos cairiam cerca de 13%.