Érica Miranda, coordenadora das actividades do movimento junto aos jovens e universitários, define o Eco-Feminismo como sendo a ideologia que defende a existência de uma relação “sui generis” entre o feminismo e a ecologia.
“Essa ligação dá-se na própria língua uma vez que a Natureza é feminina. A terra é fértil. Além de que se diz que a Natureza é a nossa mãe e é a mais sábia”, explica Érica Miranda ao Expresso das Ilhas.
A coordenadora do movimento Eco Feminismo conta que por ser curiosa e atenta, desde cedo se apercebeu de que tanto a natureza como as mulheres “estão sendo exploradas e submetidas a diferentes tipos de dominação”. Essa realidade fez nascer em Érica Miranda uma “vontade enorme” de mudar o paradigma que faz com que “mulheres sejam estrupadas, sejam vítimas do feminicídio e que faz com que as matas e as florestas sejam destruídas”.
“Hoje faço parte do movimento eco feminismo de Cabo Verde e somos um grupo que tem actuado com foco no desenvolvimento sustentável, na inclusão social, justiça social e climática”, informa.
Prosseguindo Érica Miranda esclarece que justiça climática é uma forma “activa e integrada” de enfrentar os desafios causados pelas mudanças climáticas, pelo capitalismo e pela injustiça.
“É um conceito relativamente novo. É uma luta contra o racismo ambiental”, profere.
De momento, o Eco feminismo Cabo Verde, possui alguns projectos em andamento como o Clube de leitura, Plantação de árvores das escolas EBI, Zero waste (movimento que consiste em não deitar nada ao lixo) e o Breaking the Cycle. Este último terá a sua abertura no próximo dia 28 em três universidades nacionais em simultâneo. A intenção, de acordo com a coordenadora do EFCV é levar os temas debatidos mensalmente no Palácio da Cultura Ildo Lobo para as universidades.
O EFCV vai integrar o grupo Género e Clima durante a conferência das Nações Unidas em Dezembro, de forma a garantir que os direitos das cabo-verdianas sejam incorporados em todos os processos e resultados da estrutura da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Uma convenção cujo objectivo é estabelecer a base para a cooperação internacional sobre as questões técnicas e políticas relacionadas ao aquecimento global.
De acordo com a coordenadora do EFCV, uma das “maiores preocupações” que o movimento vai levar para o debate refere-se às mulheres rurais e às condições das mulheres das zonas piscatórias que vivem da extracção de inertes, devido à sua “situação difícil”, proveniente das alterações climáticas.
Nesse aspecto, o movimento realizou em 21 de Novembro, uma conversa aberta “Políticas Públicas sensíveis às mulheres rurais e mudanças climáticas”, com o intuito de promover um debate sobre as políticas públicas que o Estado pode adoptar, visando promover a inclusão das mulheres do meio rural e que iniciativas deverão ser adoptadas de forma a “reconectar” as mulheres à natureza e ao meio ambiente.
Fundada em Abril de 2019, a missão do Movimento EFCV é revincular as cabo-verdianas com a natureza e o meio ambiente, defender os seus direitos, através da advocacia e sensibilização sobre o seu papel na conservação e protecção do meio ambiente, assim como a importância da sua integração nas decisões das acções e políticas estratégicas de adaptação e mitigação face as alterações climáticas.