Protagonizada pela actriz sul-africana Pearl Thusi, a série foi encomendada para uma primeira temporada de seis episódios pela Netflix em Dezembro de 2018. A série, que estará disponível no mundo inteiro, conta a história de uma agente secreta sul-africana que tenta descobrir a verdade sobre o assassinato de sua mãe e, ao mesmo tempo, proteger o seu país de forças sinistras
Segundo a Netflix, "Queen Sono" é apenas o começo.
"É exactamente isso que queremos", afirmam os responsáveis citados pelo DW África. "Precisamos de histórias africanas, divertidas e inteligentes. Queremos contar histórias locais que são entendidas globalmente. E há óptimas histórias em todo o mundo e, claro, também no continente africano".
O DW África avança ainda que a produtora nigeriana-americana Melissa Adeyemo está presente no mercado de filmes africanos há anos. A fundadora do Ominira Studios em Nova York acaba de filmar e produzir a sua última longa-metragem em Lagos, na Nigéria, e mostra-se contente com o facto da Netflix agora ter começado a descobrir o potencial do continente.
"Abrir portas"
"Vejo uma enorme procura, um enorme apetite por histórias em África, especialmente da África do Sul e da Nigéria, os maiores mercados no continente. Acho que isso também poderia abrir as portas para actores e realizadores africanos no mercado internacional", afirma Adeyemo à DW África.
Chuku Esiri é da mesma opinião. O realizador nigeriano acaba de produzir com o seu irmão gémeo Arie Esiri o filme "Eyimofe", uma produção de cinema nigeriana que foi apresentada no Festival de cinema de Berlim deste ano.
Para Esiri, "é óptimo quando uma empresa gigante como a Netflix mostra interesse em trabalhar mais em África, contando histórias africanas e apoiando cineastas locais”. O realizador diz que "o lançamento da série sul-africana é uma óptima notícia” e espera que outros países do continente em breve sigam o exemplo da África do Sul.
Produções africanas na Netflix
Em Abril será apresentado um filme de desenhos animados "made in Africa", um filme sobre a vida quotidiana de quatro meninas zambianas. Haverá também um filme sul-africano para adolescentes intitulado "Sangue e Água".
Além disso, a Netflix já garantiu os direitos de filmes de Nollywood (Nigéria) de alta qualidade, incluindo "Lionheart" e "Chief Daddy".
Mas há um grande obstáculo para os serviços de streaming no continente africano: a rede de internet é muito rudimentar e os custos de dados móveis são exorbitantes na maior parte dos países africanos. Isso também é confirmado pela crítica de cinema alemã Dorothee Wenner que está há décadas no continente africano para rastear histórias e novos talentos africanos.
"No Congo, por exemplo, carregar um filme é inacessível para a maioria das pessoas, pelo facto de a rede não ser forte o suficiente para realmente transmitir alguma coisa. Apenas uma pequena camada de pessoas pode pagar por serviços de 'streaming' de vídeos", lamenta Wenner.