Donu Nha Distinu é um projecto de oito jovens - sete de vários bairros da cidade da Praia e um representante no Porto (Portugal) - , que pretendem promover a mudança comportamental, sobretudo nas famílias e jovens. Isto porque, segundo Admilson Mendes, um dos mentores do projecto, há muito conflitos entre as comunidades e autoridades.
“Acreditamos que muitos jovens e famílias ainda não compreendem ou criam laços de amizade entre as autoridades e a população. Fomos reparando paulatinamente que há muitos jovens que têm conflitos com a lei. Começamos a criar a ideia de tentar promover a mudança de comportamento através da capacitação dos jovens”, conta.
Admilson Mendes revela que o Donu Nha Destinu já deu formação às Forças Armadas, junto aos novos recrutas, entre outras organizações que sempre os chamam para dar formações, quase sempre destinadas aos jovens.
“Nós sabemos que a educação que os nossos mais velhos nos deram não é igual ao que nós damos aos nossos filhos, porque muitas coisas mudaram. Então, é precisoque comecemos a adaptar as famílias e os jovens para que percebam que é preciso trabalhar em conjunto para termos uma comunidade mais segura e não só”, considera.
Prosseguindo, Admilson diz que o grupo acredita que cada pessoa é capaz de promover a mudança, uma vez que a primeira forma de mudar o bairro, é mudar a mente.
“Nós, sendo donos de nós mesmo conseguimos pensar no outro, daí o nome Donu Nha Distinu”, desvela.
Durante o estado de emergência, o grupo tem apostado na campanha de sensibilização junto aos encarregados das famílias, além disso, criou uma campanha para socorrer as famílias mais vulneráveis.
Até agora, segundo o nosso entrevistado, Donu Nha Distinu conseguiu prestar assistência alimentar a cerca de 80 famílias, e a meta é chegar às 200. Para alcançar esse objectivo, Admilson Mendes narra que pediram ajuda a nível nacional e internacional.
O grupo ajuda não só o bairro de Castelão, seu epicentro, mas também outros bairros da capital, assim como estudantes de outras ilhas que estudam na cidade de Praia e que devido ao Estado de emergência, atravessam momentos “difíceis”.
“Actuamos também a nível das doações de sangue, porque os próprios membros da nossa equipa, são voluntários da Cruz Vermelha, somos diferenciados e todos nós fazemos um pouco de tudo dentro daquilo que é a nossa possibilidade e a doação de sangue, uma vez que constitui ajudar o outro também faz parte do nosso projecto”, relata.