Ródia Vicente, formada em Relações Públicas, conta que sempre gostou de trabalhos manuais, então o interesse pelo bordado foi natural. Entretanto, foi durante o confinamento que começou a bordar novamente.
“O primeiro contacto com o bordado na escola primária. Tive uma professora que nos ensinou noções básicas de bordado e costura. Embora o hábito tenha ficado abandonado por muito tempo, pude resgatar esta prática há dois anos atrás. A paixão voltou rapidamente, o bordado permitiu-me expressar a minha criatividade e individualidade. Em um mundo digital e produtos produzidos em massa, o bordado oferece uma saída tangível e pessoal para a expressão artística”, conta.
Após o período de testes e aperfeiçoamento da técnica, Ródia começou a vender as peças bordadas em Outubro de 2020.
O ponto a ponto do feito à mão apresenta uma técnica demorada, mas que conquista adeptos que buscam exclusividade e reconhecem o diferencial de uma produção que dedica tempo, atenção e amor de quem faz.
Assim, o que antes era apenas um hobbie, passou a ser uma fonte de rendimento extra.
“A motivação de criar um negócio com foco nesta arte resultou das muitas solicitações que recebi de amigos. Havia criado a página Rodia’s Home há pouco tempo, e timidamente fui mostrando os trabalhos que realizava e com o tempo mais pessoas se interessavam. Organizei-me, comprei mais materiais e, com um pouco mais de seriedade, decidi dar uma chance aos bordados”, relata Ródia.
T-shirts inovadoras
Segundo Ródia Vicente, as t-shirts, por serem confortáveis, versáteis e facilmente personalizáveis, tornaram-se na opção de produto mais fácil para bordar.
“É muito flexível para exprimentar diferentes pontos, cores de linhas e designs customizar com imagens, frases e logotipos”, diz.
Ainda assim, Ródia já produziu bordados em roupinha de bebé, sacos de pano, boné, porta-alianças e em uniformes de trabalho (jalecos e aventais).
Gosta de bordar frases que a inspiram. Contudo, uma vez que na maioria das vezes produz peças para outras pessoas, bordo o que o cliente preferir e geralmente pedem frases.
“Uma frase bonita que tem agum significado para o/a presenteado/a, ou uma imagem que remete à alguma lembrança especial. O produto final é um presente único e especial feito à mão exclusivos e personalizado”, comenta.
Bordado na era digital
Ser uma jovem que sabe bordar na era digital é, conforme Ródia, uma experiência única e
gratificante.
“Numa época em que muitas artes manuais e hobbies tradicionais estão se tornando menos populares, acho que ser habilidosa em bordados me diferencia e permite-me envolver e contribuir para a rica herança do artesanato”.
“O bordado é uma forma de arte antiga que tem sido praticada por séculos. Ao continuar a bordar, considero-me um “guardiã” dessa tradição e sinto que tenho a oportunidade de preservar e transmitir habilidades e técnicas valiosas para as gerações futuras, garantindo que a arte do bordado não desapareça totalmente”, acredita.
Além disso, Ródia considera que bordar lhe permite pausar “do mundo digital acelerado”. Esta práctica ajudou-a a reduzir o stress e promover o bem-estar mental.
Mas...
Como em todos os negócios, o bordado também apresenta desafios. Segundo Ródia Vicente, as limitações de materiais não têm permitido que desenvolva todas as ideias e projectos associado ao seu negócio.
“Adquirir as ferramentas e materiais necessários é um requisito inicial para começar a bordar. Mas, isso não me impede de ser criativa, e tirar todo proveito dos recursos que consigo encontrar localmente, sem comprometer a qualidade do meu trabalho”, afirma.
Para Ródia, aprender e dominar diferentes pontos pode ser demorado e desafiador, especialmente para projectos complexos que requerem uma combinação de pontos.
“A produção de peças de bordado intrincadas e detalhadas pode levar horas, dias ou, em alguns casos, até semanas, dependendo da complexidade, tamanho do desenho e o número de peças solicitadas. Requer dedicação e vontade de investir tempo e esforço em cada projecto”, confidencia.