"Existe realmente a percepção de que Janeiro é um mês que demora muito a passar. É uma sensação comum a muitas pessoas e pensa-se que possa estar relacionado com a agitação típica do mês de dezembro, um período que provoca ansiedade em muitos de nós", salienta a psicóloga Teresa Feijão ao Lifestyle ao Minuto.
No outro extremo, "Janeiro é um mês de 'recuperação', uma procura por um acalmar da correria, um acerto de finanças e também uma consciencialização de um início de uma nova etapa", o que "leva a um maior foco, pressão e ansiedade com o compromisso com as resoluções definidas no final do ano e isso também aumenta a sensação de ser um mês interminável", diz.
Mas não é tudo. "Os gastos excessivos de Dezembro são efectivamente um factor que contribui para uma necessária contenção financeira e, de certo modo, algum afastamento de convívios sociais para a maioria.
Por essa razão, as pessoas evitam saídas, refeições fora e gastos extra em compras, o que contribui também para um aumento de estados de ansiedade e, sem dúvida, 'alimenta' a ideia de que janeiro nunca mais acaba", acrescenta.
Na óptica da psicóloga, a percepção do tempo é um "bom termómetro emocional".
"Quando estamos entusiasmados ou envolvidos em algo significativo pode parecer que o tempo passa mais depressa. Por outro lado, em situações de tédio ou de ansiedade, o tempo pode parecer demorar a passar e parte da questão está na área do cérebro responsável pelas emoções", reforça Teresa Feijão, explicando que, "quando concretizamos um desejo, é libertada dopamina, um neurotransmissor que aumenta a sensação de bem-estar.
E são os níveis de dopamina no organismo que influenciam a nossa perceção do tempo, sendo que quando aumentam, também aumenta a sensação de que o tempo passa mais rapidamente. Quanto maior a ansiedade, maior a sensação de que o tempo não passa".
O 'segredo' está em viver um dia de cada vez. "Viver a passagem do tempo de forma saudável é importante para a nossa gestão emocional e equilíbrio. Antecipar em demasia o amanhã poderá levar ao aumento da ansiedade e sintomatologia depressiva. Devemos aprender a viver o momento presente e saboreá-lo sem querer que ele se apresse ou pare", remata.