A NPD BookScan (antiga Nielsen Bookscan) revelou na quarta-feira à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) que foram vendidos 29 mil exemplares de "Fire and Fury: Inside the Trump White House" ("Fogo e Fúria: Dentro da Casa Branca de Trump"), apesar de ter sido disponibilizado apenas na sexta-feira e de os dados da empresa de estudos de mercado irem até sábado.
"Os números dos primeiros dois dias de vendas não estão a dar-nos a visão completa", afirmou Kristen McLean, analista da indústria livreira do grupo NPD.
"Devido a potenciais problemas de distribuição relacionados com o lançamento antecipado, a par com a elevada procura, pode levar algumas semanas para se perceber exactamente até onde é o que livro vai chegar comparativamente aos 'best-sellers' políticos dos últimos anos", observou a mesma responsável.
Kristen McLean notou que "What Happened" ("O Que Aconteceu"), de Hillary Clinton, disponibilizado nas livrarias em setembro, vendeu, em média, mais de 30 mil exemplares por dia durante a primeira semana de lançamento, mas notou que o livro foi "altamente antecipado" e "o 'stock' muito bem" gerido.
"Fogo e Fúria" parece ter apanhado toda a gente desprevenida, desde a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a qual versa o livro, até à editora Henry Holt & Co., que elevou a impressão dos iniciais 150 mil exemplares para mais de um milhão.
Desde que começaram a ser publicadas as primeiras notícias sobre o conteúdo do polémico livro na semana passada, as livrarias têm lutado para responder à procura, com o 'site' Amazon.com a advertir para atrasos de duas a quatro semanas nas entregas do livro.
A BookScan, que 'rastreia' cerca de 85% do mercado retalhista, apenas contabiliza uma encomenda como venda efetiva no momento em que o livro é enviado.
Os números da BookScan também não incluem os 'e-books'. Segundo John Sargent, CEO da Macmillan, empresa-mãe da Holt, as vendas digitais ascendem já a 250 mil exemplares, um número extraordinário para um livro de não-ficção, provavelmente impulsionado pela escassez do livro em papel, enquanto as vendas das versões áudio excederam a marca de 100 mil.
O livro da antiga secretária de Estado e candidata à Casa Branca Hillary Clinton teve uma das melhores primeiras semanas de vendas dos últimos anos como obra de não-ficção, com mais de 300 mil exemplares no total, englobando os formatos papel, digital e áudio, de acordo com números divulgados na altura pela Simon & Schuster.
No arranque, "Fogo e Fúria", com as suas histórias de uma Casa Branca caótica, aproxima-se da marca dos 400 mil.
O livro do jornalista Michael Wolff vai aparecer no top da lista de não-ficção do The New York Times na edição do próximo dia 21.
A obra reúne uma série de revelações explosivas, resultado de mais de 200 entrevistas, incluindo as conversas entre Donald Trump e responsáveis da Casa Branca.
Inicialmente, o lançamento estava previsto para terça-feira, dia 09, mas a Holt decidiu antecipá-lo, para responder à elevada procura e às ameaças de acções judiciais por parte de Donald Trump, que denunciou o livro como ficção.
Na semana passada, um advogado do Presidente enviou uma carta à Holt pedindo que a publicação fosse retida, mas John Sargent emitiu um memorando a defender a decisão da empresa de publicar a obra. Já na terça-feira, um advogado da Macmillan indicou que a editora não planeava retratar-se ou pedir desculpa.