Numa carta dirigida a Kim Jong-un, Trump informa que o encontro não terá lugar.
"Eu estava muito ansioso por me encontrar lá consigo. Infelizmente, tendo em conta a raiva tremenda e hostilidade aberta demonstrada na sua declaração mais recente, eu considero ser inapropriado, neste momento, realizar este encontro, há muito planeado", diz o Presidente dos EUA, na missiva.
Trump enviou a carta ao líder norte-coreano poucas horas depois do país asiático ter anunciado que fez explodir os túneis da base de Punggye-ri, onde têm sido realizados os seus testes nucleares De acordo com a Reuters, foi chamado ao local um pequeno grupo de jornalistas seleccionados pelo regime de Pyongyang para testemunhar a demolição, que a Coreia do Norte diz ser a prova do seu compromisso com o fim dos testes nucleares.
Trump revela na missiva que "espera um dia conhecer" Kim Jong-un e que se este mudar de ideias, que o contacte, por telefone ou por carta.
O presidente norte-americano agradece a libertação dos três reféns, um "bonito gesto, muito apreciado".
As relações começaram a deteriorar-se quando iniciaram os exercícios militares conjuntos EUA-Coreia do Sul, na semana passada, e com as declarações do novo conselheiro de segurança, John Bolton, a sugerir que se seguisse o "modelo líbio" para o fim do programa nuclear. As declarações foram recebidas como insultuosas: é que Muammar Kadhafi abdicou do programa nuclear e acabou morto pelas mãos da população, após intervenção militar da NATO.
Ainda esta quinta-feira, a Coreia do Norte tinha ameaçado cancelar a presença de Kim na cimeira, deixando a ameaça de demonstrar em Washington o seu poder nuclear.
Na carta tornada pública pela Casa Branca, Trump assinala que o cancelamento da cimeira representa uma "oportunidade perdida" e um "momento verdadeiramente triste".
Numa primeira reacção, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se "muito preocupado" com o cancelamento do encontro.
"Apelo às duas partes para que continuem o seu diálogo e encontrem o caminho que permita a desnuclearização da península coreana", disse Guterres no início de uma conferência pública na Universidade de Genebra em que deverá apresentar a sua agenda para o desarmamento.