A conclusão consta do Relatório Mundial sobre Drogas, lançado nesta terça-feira, 26), pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (ONUDC).
Segundo o documento, o acesso ao fentanil e ao tramadol para usos medicinais é vital para o tratamento da dor crónica, mas traficantes produzem-nos ilicitamente, promovendo-os em mercados ilegais e causando danos consideráveis à saúde.
A apreensão global de opiáceos farmacêuticos em 2016 foi de 87 toneladas, aproximadamente o mesmo que as quantidades de heroína apreendidas naquele ano.
“As apreensões de opiáceos farmacêuticos - principalmente Tramadol na África Ocidental e Central, e no norte da África representaram 87% do total no mundo em 2016. Países da Ásia, que anteriormente eram responsáveis por mais da metade das apreensões globais, relataram apenas 7% dos casos do total global em 2016”, lê-se no documento.
Em relação à cocaína, o relatório dá conta que a fabricação global em 2016 atingiu o nível mais alto já registado, com cerca de 1410 toneladas sendo produzidas. A maior parte da cocaína do mundo vem da Colômbia, enquanto o Relatório também mostra que África e a Ásia estão a emergir como centros de tráfico e consumo de cocaína.
De 2016 a 2017, a produção global de ópio subiu 65 por cento para 10 500 toneladas, a maior estimativa registada pelo UNODC desde que começou a monitorizar a produção global de ópio no início do século 21. Um aumento acentuado no cultivo de papoilas e a melhoria gradual da produtividade no Afeganistão resultou na produção de ópio no ano passado, atingindo 9 mil toneladas.
Já a cannabis foi a droga mais consumida em 2016, com 192 milhões de pessoas a utilizá-la pelo menos uma vez durante o ano anterior. O número mundial de utilizadores de cannabis continua a aumentar e parece ter aumentado cerca de 16 por cento na década até 2016, reflectindo um aumento semelhante na população mundial.
Drogas como heroína e cocaína, que estão disponíveis há muito tempo, coexistem cada vez mais com novas substâncias psicoactivas (NPS) e medicamentos prescritos. Um crescente fluxo de preparações farmacêuticas de origem não claramente destinadas a uso não medicinal, juntamente com o uso de poli-drogas e tráfico de poli-drogas, está adicionando níveis sem precedentes de complexidade ao problema da droga”, aponta o documento.
Número de usuários de droga
De acordo com a ONUDC, o número de pessoas em todo o mundo que usaram drogas, pelo menos uma vez por ano, permaneceu estável em 2016, com cerca de 275 milhões de pessoas, ou cerca de 5,6% da população global entre 15 e 64 anos.
No que diz respeito às vulnerabilidades de vários grupos etários, o relatório conclui que o uso de drogas e os danos associados a esse acto são mais elevados entre os jovens em comparação aos mais velhos. A maioria das pesquisas sugere que a adolescência precoce (12-14 anos), a tardia (15-17 anos) é um período de risco crítico para o início do uso de substâncias e pode atingir o pico entre os jovens (com idade entre 18 e 25 anos).
O uso de drogas entre a geração mais velha (com 40 anos ou mais) tem aumentado a um ritmo mais rápido do que entre os mais jovens. Embora haja apenas dados limitados disponíveis, o relatório afirma que isso requer atenção.
“Os usuários mais velhos de drogas podem frequentemente ter múltiplos problemas de saúde física e mental, tornando o tratamento medicamentoso eficaz mais desafiador, mas pouca atenção tem sido dada aos transtornos por uso de drogas entre os idosos”, alerta.
Em todo o mundo, as mortes causadas directamente pelo uso de drogas aumentaram em 60%, entre 2000 e 2015. Pessoas com mais de 50 anos representaram 27% dessas mortes em 2000, mas esse percentual aumentou para 39% em 2015. Cerca de três quartos de óbitos por transtornos relacionados ao uso de drogas entre aqueles com 50 anos ou mais estão entre as pessoas que usam opioides.
A maioria das pessoas que usam drogas são homens, mas as mulheres têm padrões específicos de uso, segundo o relatório. A prevalência do uso não médico de opioides e tranquilizantes pelas mulheres permanece num nível comparável, se não superior, ao dos homens.
“Embora as mulheres possam tipicamente começar a usar substâncias mais tarde que os homens, uma vez que iniciam o uso, tendem a aumentar a taxa de consumo de álcool, cannabis, cocaína e opioides mais rapidamente que os homens, bem como desenvolver rapidamente desordens decorrentes do uso de drogas”, lê-se.