Envergando túnica e barrete brancos, "IBK", de 73 anos, eleito à segunda volta para um novo mandato à frente deste país do Sahel, leu o juramento contido na Constituição do Mali perante o Supremo Tribunal, durante uma cerimónia no Paláci da Cultura em Bamako, transmitido em directo pela televisão pública ORTM.
Antes de ser investido nas suas funções de Presidente da República do Mali, Keita jurou, perante Deus e o povo do Mali, respeitar o regime republicano e a Constituição, bem como o superior interesse do povo.
No primeiro discurso proclamado após a sua investidura, Ibrahim Boubacar Keïta afirmou "colocar o regresso da paz e da segurança no topo da prioridade absoluta", salientando que ainda "há muito a fazer" apesar dos esforços do Estado na luta contra a insegurança no norte do Mali.
"Serei implacável com todos aqueles que desprezam os nossos valores de liberdade e tolerância. Nada se oporá à vontade de um povo unido contra o terrorismo", acrescentou Keita, aludindo aos ataques jihadistas. O último teve como alvo um campo da ONU em Menaka (norte) na terça-feira, tendo provocado ferimentos num "capacete azul".
O Tribunal Constitucional proclamou-o vencedor da eleição presidencial a 20 de agosto, com 67,16% dos votos na segunda volta, contra 32,84% de seu rival, o ex-ministro das Finanças Soumaila Cissé.
As prioridades de Keita passam, em primeiro lugar, pelo relançamento do acordo de paz assinado em 2015 com os antigos rebeldes tuaregues, que não impediu a propagação da violência do norte para o centro do Mali e para os vizinhos Burkina Faso e Níger.
O norte do Mali caiu, em Março/Abril de 2012, nas mãos de grupos jihadistas ligados à al-Qaeda, que foram expulsos ou dispersos numa intervenção militar lançada em Janeiro de 2013 por iniciativa da França, ainda em curso.
Apesar do acordo de paz assinado em maio-junho de 2015, a violência continuou.
Keita "estendeu a mão a todos aqueles que querem que o Mali tenha sucesso, sem quaisquer exclusões", referindo-se à oposição cujo líder principal e seu adversário na segunda volta, Soumaola Cissé, não reconheceu sua derrota, denunciando "fraude" na eleição presidencial.
Cissé convocou os malianos à "mobilização pacífica e não-violenta para defender seus direitos democráticos" num comunicado divulgado hoje onde volta a rejeitar os resultados oficiais de 20 de agosto.
"O candidato Ibrahim Boubacar Keïta não foi eleito pelo povo do Mali. A cerimónia de tomada de posse de um presidente não eleito marcada para terça-feira, 4 de Setembro, é nula e sem efeito", disse ele em nome da "coligação para restaurar a esperança" que reúne uma dezena de candidatos às eleições presidenciais.
Cissé e os seus partidários organizaram manifestações todos os fins-de-semana desde o anúncio dos resultados finais.