Entre os cerca de 23.000 delegados, antevê-se uma jornada de discussão longa para trabalhar todas as minudências que permitam pôr em prática o Acordo de Paris, concluído em 2015 para conter o aquecimento global.
Em cima das mesas negociais estão três questões chave: a ambição de cada nação, o financiamento para atingir as metas de diminuição de emissões de gases com efeito de estufa e a diferenciação do contributo que cada país deve dar.
No campo da ambição, há dois campos: os que (incluindo Portugal e a União Europeia) querem metas mais ambiciosas e exigem que seja reconhecido no texto final o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, e países como os Estados Unidos e a Rússia, que defendem o contrário.
Reconhecer o relatório e os seus alertas significaria ter que tomar acções decisivas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus centígrados acima do que se verificava na era pré-industrial.
Quanto ao financiamento, a questão tem essencialmente a ver com as verbas para os países em desenvolvimento, que continuam a ser ponto de discórdia: as nações mais vulneráveis querem individualizar no texto final a secção sobre “perdas e danos”, atribuindo-lhe o seu próprio orçamento.
Os países mais afectados pelas alterações climáticas querem que os países mais evoluídos económica e tecnologicamente, que ao longo do tempo têm poluído mais, contribuam mais para combater o aquecimento global.
Entre as organizações não governamentais, as opiniões sobre o progresso dos trabalhos têm-se dividido entre optimismo cauteloso e insatisfação com o que consideram um acordo insuficiente face às exigências que as alterações climáticas colocam.
O ministro polaco do Ambiente, Henryk Kowalczyk, afirmou hoje ter a certeza de que as negociações “se vão prolongar, no mínimo, até sábado”, apesar de estar prevista para esta noite o fim da cimeira.
Os organizadores do encontro admitem prolongá-lo mesmo até domingo.
A comunidade científica afirma que as emissões de gases com efeito de estufa têm que cair decisivamente até 2030 e terão que ser praticamente zero em 2050 para evitar que as temperaturas médias globais subam acima de 1,5 graus centígrados até ao fim deste século.
No relatório do Painel Intergovernamental que Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait querem fora do texto final a sair de Katowice, declara-se sem margem para dúvidas que só reduzindo o aquecimento global se poderão evitar consequências catastróficas para o mundo inteiro.