No sábado, o último registo oficial contabilizava 34 corpos encontrados entre a lama que se libertou com a ruptura da barragem na sexta-feira, mas, hoje, os bombeiros anunciaram que mais três foram contabilizados, havendo ainda 300 desaparecidos.
As buscas para encontrar sobreviventes, que deveriam ter sido retomadas hoje de manhã, depois da interrupção no sábado à noite, foram suspensas após o alerta para o risco de ruptura de outra barragem.
“Esse risco é real, é por isso que as nossas equipas interromperam as buscas e estão direccionadas exclusivamente a retirarem a população que vive nas áreas que podem ser afectadas”, disse aos jornalistas do chefe do corpo de bombeiros, Pedro Aihara.
“Assim que o alarme foi accionado, os bombeiros começaram a evacuar as aldeias mais próximas da barragem”, disse.
Às 05:30 locais (07:30 de Lisboa), as sirenes soaram nesta cidade de 39.000 habitantes, no Estado de Minas Gerais, acordando em sobressalto uma população já traumatizada com o drama e, para a maioria, ansiosa por notícias de parentes, notícia a AFP.
“Atenção, evacuação geral da área, procurem alcançar os lugares mais altos da cidade; evacuação de emergência”, foi o apelo emitido a partir dos alto-falantes.
“Eu estava em casa, a sirene me acordou e vi os socorristas abrirem a porta e pedirem-nos para sair”, disse José Maria Silva, de 59 anos.
“Vimos muitas pessoas correndo desesperadas ao ouvir os alto-falantes dizendo que uma outra barragem poderia entrar em ruptura”, disse Sagner Miranda, canalizador de 29 anos.
“Os que seguiam de carro deixaram-nos e seguiram a pé, com mochilas, carregando tudo o que podiam, havia crianças, pessoas idosas”, acrescentou.
A empresa mineradora Vale afirmou em comunicado que tinha feito soar os alarmes depois de “ter detectado um aumento nos níveis de água na barragem VI, estrutura que é parte da mina de Córrego do Feijão, cuja barragem ruiu na sexta-feira.
A empresa referiu que a barragem VI “não contém resíduos de minas”, mas sim de três a quatro milhões de metros cúbicos de água.
Durante todo o dia de sábado, o tráfego dos helicópteros foi incessante, para tentar detectar qualquer sinal de vida entre os restos de edifícios ou veículos.
Os socorristas encontraram um autocarro para os funcionários completamente engolidos, com vários corpos dentro, que não puderam ainda ser retirados e não foram contabilizados oficialmente.
O Presidente Jair Bolsonaro, que sobrevoou a área no sábado, afirmou hoje na sua conta na rede social “Twitter” que uma delegação do Exército israelita chegará ao local durante o dia de hoje para apoiar as autoridades locais, com 140 homens e 16 toneladas de equipamentos.
Um porta-voz dos bombeiros brasileiros disse que os israelitas iam trazer aparelhos equipados com sonares capazes de localizar corpos a grande profundidade, que serão usados a partir de segunda-feira.
Esta não é a primeira vez que o Estado de Minas Gerias regista uma ruptura numa barragem; em 2015 uma ruptura numa outra barragem, perto de Mariana, a 120 quilómetros de Brumadinho, matou 19 pessoas e causou um desastre ambiental sem precedentes no Brasil.
Centenas de quilómetros quadrados foram submersos por um tsunami de lama que atravessou dois Estados brasileiros e estendeu-se por 650 quilómetros até ao oceano Atlântico, cruzando o Rio Doce, um dos mais importantes do Brasil.