Francisco discursava no final da cimeira histórica que decorreu no Vaticano perante 190 representantes da hierarquia religiosa e 114 presidentes ou vice-presidentes de conferências episcopais de todo o mundo, para debater a proteção de menores por parte do clero.
O Papa argentino, no seu discurso, assinalou que a "praga" dos abusos sexuais a crianças "é universal e transversal", citando vários relatórios de instituições internacionais, e deixando claro que a situação "não diminui a sua monstruosidade dentro da igreja".
Francisco explicou ainda que as estatísticas realizadas por estas instituições e organismos internacionais são parciais porque numerosos abusos são cometidos em âmbito familiar e não são denunciados.
O chefe da Igreja Católica reafirmou ainda "com clareza" que "se a igreja descobrir um só caso de abuso – que representa já em si mesmo uma monstruosidade – esse caso será tratado com a maior seriedade".
O objectivo da igreja, acrescentou Francisco, "será escutar, tutelar, proteger e cuidar dos menores abusados, explorados e esquecidos, onde eles se encontrem".
Para tal, o Papa explicou que "tem que estar em cima de todas as polémicas ideológicas", mas também criticou o que considerou "as políticas jornalísticas que muitas vezes instrumentalizam, para vários interesses, os mesmos dramas experimentados pelas crianças".
Depois de três dias de debates no Vaticano, Francisco disse ter chegado a hora de "dar directrizes uniformes para a igreja", embora não tenha citado, medidas concretas ou mudanças na legislação do Vaticano, enumerando apenas vários pontos para a luta contra os abusos a menores.