Cimeira entre Trump e Kim Jong-un termina mais cedo e sem acordo

PorExpresso das Ilhas,28 fev 2019 8:54

Os dois líderes estiveram reunidos em Hanói, Vietname. A cimeira terminou abruptamente, porque as partes não conseguiram chegar a um entendimento.

A cimeira que juntou, pela segunda vez, Donald Trump e Kim Jong-un terminou mais cedo do que o previsto e "sem acordo".

“Os dois líderes discutiram várias formas de avançar com a desnuclearização e conceitos de evolução económica. Nenhum acordo foi alcançado até esta altura, mas as suas equipas continuam a mostrar vontade em voltar a reunir-se", deu conta a Casa Branca.

A assessora de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, adiantou que o almoço previsto entre os dois líderes não se realizou.

A conferência de imprensa foi antecipada e foi aí que Donald Trump esclareceu o que aconteceu à porta fechada.

"Tivemos um tempo muito produtivo. Mas sentimos, eu e o secretário Pompeo que não era boa ideia estar a assinar nada neste momento. Acabámos de vir de lá, passámos o dia todo com Kim Jong-un, que é um bom tipo, com muita personalidade. Acho que a nossa relação é muito forte".

"Temos várias opções, mas de momento decidimos não as seguir ainda. Vamos ver onde isso leva. Mas foram dois dias muito interessantes e produtivos. Mas às vezes é preciso sair", rematou Trump antes de passar a palavra a Mike Pompeo, o secretário de Estado norte-americano.

Mike Pompeo deu conta de que "na cimeira foi possível fazer avanços". "Grandes avanços em direcção ao que os dois líderes tinham acordado na última cimeira em Singapura, em junho do ano passado". "Fizemos grandes progressos e ainda fizemos mais progressos durante estas reuniões que os dois líderes tiveram nas últimas 24/35 horas", continuou.

"Infelizmente não chegámos ao fim, não chegámos a algo que fizesse total sentido para os Estados Unidos", lamentou o secretário de Estado. "Pedimos a Kim que fizesse mais e ele não estava totalmente preparado. Mas ainda estou optimista”, garantiu.

“Kim Jong-un não foi capaz de dar o passo para assinarmos um acordo a neste momento, mas espero que lá cheguemos”, disse ainda.

Trump voltou depois ao pódio para responder às perguntas dos jornalistas, garantindo que "o problema foram as sanções".

"Basicamente queriam as sanções levantadas na totalidade e não podemos fazer isso", explicou o presidente. "Estavam dispostos a desnuclearizar uma grande parte das áreas que queríamos, mas não podíamos abdicar de todas as sanções para isso".

"Não desistimos de nada e acho que acabaremos a ser grandes amigos de Kim", garantiu, considerando que "eles têm tremendo potencial".

Questionado sobre que mensagem quer enviar a Kim Jong-un acerca do futuro e da relação entre os países, Trump respondeu: "Uma das coisas mais importantes que o presidente Kim me prometeu ontem à noite é que independentemente disso não vai fazer novos testes nucleares. Confio nele e acredito na sua palavra. Mas entretanto vamos continuar a falar", revelou.

No início das negociações, os dois líderes admitiram a abertura de gabinetes de ligação nos dois países, enquanto Kim afirmou estar disposto à desnuclearização. Trump disse desejar um bom acordo, mas indicou não ter pressa.

O objectivo desta cimeira era dar alguma substância aos compromissos assumidos em Singapura, em Junho passado. Os dois dirigentes tinham então escrito uma página da História, mas limitaram-se a assinar uma declaração comum sobre a desnuclearização da península, com os dois lados a divergirem sobre o sentido desta fórmula.

Se Kim Jong-un lembrou em Hanói a perspectiva de uma representação permanente dos Estados Unidos na Coreia do Norte, Donald Trump mostrou-se mais moderado, antes da reunião, nas expectativas sobre os progressos a curto prazo.

"A velocidade não é assim tão importante para mim", indicou.

Trump tem considerado regularmente não existir qualquer necessidade urgente em convencer o Norte ao desarmamento, enquanto Pyongyang se abster, como faz há mais de um ano, de realizar testes de mísseis e ensaios nucleares.

Para Kim Jong-un, a presença na cimeira de Hanói significa estar pronto para o processo de desnuclearização, mas o líder norte-coreano continuou a mostrar-se evasivo sobre eventuais medidas concretas.

"A longo prazo, sei que teremos um êxito fantástico" com a Coreia do Norte, afirmou Trump. "Vai ser uma potência económica. Com um pouco de ajuda no local certo, acredito que vai ser qualquer coisa de muito especial".

Desde que chegou ao Vietname, Donald Trump não deixou de destacar o exemplo deste país comunista que abraçou a economia de mercado e voltou a página da confrontação com os Estados Unidos.

Há vários meses que o Presidente norte-americano está a destacar o potencial económico da Coreia do Norte, ao mesmo tempo que tem recusado diminuir ou mesmo suspender as sanções.

Os Estados Unidos exigiram, repetidamente, que Pyongyang ponha fim ao arsenal nuclear de forma completa, verificável e irreversível.

Mas, para a Coreia do Norte, a desnuclearização implica o levantamento das sanções internacionais que asfixiam a economia e o fim daquilo que entende serem ameaças norte-americanas, como a presença militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul e na região, em geral.

Os dois dirigentes passaram, em alguns meses, dos insultos pessoais e ameaças apocalípticas às declarações "de amor" de Donald Trump, mas muitos observadores consideraram a primeira cimeira uma pura representação teatral.

Seja como for, "a janela para progressos diplomáticas com a Coreia do Norte não ficará aberta indefinidamente", advertiu Kelsey Davenport, da Associação de Controlo de Armamento.

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Autoria:Expresso das Ilhas,28 fev 2019 8:54

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 nov 2019 23:21

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