O esclarecimento foi feito hoje, em Luanda, pelo secretário de Estado Adjunto norte-americano, John J. Sullivan, depois de a imprensa angolana ter noticiado que o FBI estava já a investigar casos dessa natureza.
Sullivan, que está em Luanda em visita oficial, falava aos jornalistas numa conferência de imprensa conjunta com o ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Augusto, tendo referido que a referência que fez ao FBI surgiu como hipótese daquilo que os Estados Unidos poderão fazer em Angola, face a casos semelhantes em que actuaram noutros países e mesmo em território norte-americano.
Segundo Sullivan, que já exerceu funções no Departamento de Justiça norte-americano, explicou que a experiência que tem nessa área com situações semelhantes noutros países e noutros contextos já permitiram aos Estados Unidos apoiar, também através do FBI, programas no mesmo sentido, pelo que se trata, pelo menos para já, de uma “hipótese”.
“Falei com base na minha experiência [no Departamento de Justiça], pois estive envolvido em muitos outros países em que a questão era semelhante, envolvendo corrupção e a necessidade de repatriar bens e dinheiro que foi ilegalmente retirado desses países e investido em paraísos fiscais”, explicou.
“Nessas situações, o nosso Governo, o Departamento de Justiça e o FBI trabalharam com Governos estrangeiros para confiscar e repatriar bens que foram retirados ilegalmente desses países, investidos nos Estados Unidos ou noutro qualquer país. Isso é um exemplo do que os Estados Unidos podem fazer”, frisou Sullivan, explicando, dessa forma, o adiamento da assinatura de um memorando de entendimento no domínio da segurança e ordem pública, previsto para hoje.
Segundo o governante norte-americano, os dois países vão continuar a trabalhar no documento para se poder incluir a forma como ambos podem vir a cooperar nessa questão, indicando que irá falar com o Departamento de Estado e com o FBI para indagar sobre o que se poderá fazer neste contexto, nomeadamente “de que corrupção se está a falar, quais os bens envolvidos, como saíram do país, etc”.
“Não disse que haverá uma presença imediata do FBI em Angola. Mencionei ser apenas uma hipótese. Noutro contexto, essa foi a ajuda que demos a outros países. Mas tudo depende dos casos, dos bens, dos valores. Há mais para fazer na cooperação do reforço da lei e da segurança à medida que continuamos com as negociações. A minha resposta hoje e ontem foi apenas para dar uma amostra do que os EUA podem fazer, dependendo das circunstâncias e das negociações em curso”, sublinhou.
Entre o apoio norte-americano a Angola estarão dois milhões de dólares (1,74 milhões de euros) para programas de desminagem e para o fornecimento de assessores técnicos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos para combater o branqueamento de capital e o financiamento ao terrorismo.
“E estamos ansiosos para finalizar o memorando de entendimento sobre a segurança e a aplicação da lei”, prosseguiu, indicando que Angola é um dos principais parceiros dos Estados Unidos em África e em que Washington quer aplicar o plano contido na estratégia norte-americana para o continente africano.
“Queremos apostar no fomento do comércio e investimento mutuamente vantajosos, aprofundar a paz e a segurança e usar a ajuda externa de forma mais eficiente e eficaz”, sublinhou, ao aludir aos três eixos da estratégia, reafirmando o “pleno apoio” às reformas em Angola.
“Angola constitui um dos nossos principais parceiros em África. Possui uma economia forte para o comércio e uma força diplomática forte para o aumento da segurança regional e combate ao terrorismo. O Governo do Presidente João Lourenço tem causado boa impressão nos seus esforços iniciais para a promoção da boa governação, tanto em Angola como a nível regional”, concluiu.