Bouteflika compromete-se com transição "aberta e transparente" de poder na Argélia

PorExpresso das Ilhas, Lusa,20 mar 2019 8:19

Bouteflika, presidente da Argélia
Bouteflika, presidente da Argélia

​O Presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, irá entregar o poder ao seu sucessor de forma “aberta e transparente” após a realização de eleições, cujo agendamento será definido “em breve”, afirmou terça-feira o chefe da diplomacia argelina.

“Abdelaziz Bouteflika decidiu não participar na eleição e está totalmente pronto para transmitir o poder de forma aberta e transparente ao Presidente que for escolhido através desse escrutínio”, disse Ramtane Lamamra após uma reunião com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, em Moscovo.

Desde finais de Fevereiro, a Argélia tem sido palco de várias manifestações que foram inicialmente convocadas contra a candidatura a um quinto mandato de Bouteflika, de 82 anos e debilitado devido a um AVC em 2013.

Face a uma contestação inédita desde a sua eleição para a chefia do Estado há 20 anos, Bouteflika renunciou a 11 de Março a disputar um quinto mandato, mas prolongou o actual mandato ao adiar as presidenciais ‘sine die’. As presidenciais estavam inicialmente previstas para 18 de Abril.

As eleições devem realizar-se depois de uma conferência nacional encarregada de reformar o país e elaborar uma nova Constituição.

“A eleição presidencial será realizada sob novas condições: pela primeira vez na história do país, poderão e irão participar todos aqueles que o desejem fazer”, prosseguiu Ramtane Lamamra, que também assume o cargo de vice-primeiro-ministro.

O representante argelino acrescentou que o escrutínio será “pela primeira vez monitorizado por uma comissão eleitoral independente”.

“Depois disso, a oposição argelina terá a oportunidade de participar mais ativamente no trabalho governamental”, referiu.

Do lado da Rússia, grande aliada da Argélia, à qual fornece nomeadamente armas, Serguei Lavrov declarou “apoiar” os planos delineados pelo governo argelino para ultrapassar a actual crise política.

“Esperámos que ajudem a estabilizar a situação neste país amigo através de um diálogo nacional fundamentado na Constituição”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

“Estou convencido que o povo argelino irá resolver os seus próprios problemas”, declarou Lavrov, apelando “a todos os outros países” a “respeitarem estritamente o princípio de não ingerência nos assuntos internos de um outro Estado”.

Milhares de argelinos voltaram hoje às ruas da capital do país, Argel, pedindo uma vez mais a saída do Presidente Abdelaziz Bouteflika.

Estudantes, mas também professores universitários, médicos e enfermeiros concentraram-se no centro de Argel, no dia em que se assinala o 57.º aniversário do final da guerra de independência da Argélia.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,20 mar 2019 8:19

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  10 dez 2019 23:21

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