“Abdelaziz Bouteflika decidiu não participar na eleição e está totalmente pronto para transmitir o poder de forma aberta e transparente ao Presidente que for escolhido através desse escrutínio”, disse Ramtane Lamamra após uma reunião com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, em Moscovo.
Desde finais de Fevereiro, a Argélia tem sido palco de várias manifestações que foram inicialmente convocadas contra a candidatura a um quinto mandato de Bouteflika, de 82 anos e debilitado devido a um AVC em 2013.
Face a uma contestação inédita desde a sua eleição para a chefia do Estado há 20 anos, Bouteflika renunciou a 11 de Março a disputar um quinto mandato, mas prolongou o actual mandato ao adiar as presidenciais ‘sine die’. As presidenciais estavam inicialmente previstas para 18 de Abril.
As eleições devem realizar-se depois de uma conferência nacional encarregada de reformar o país e elaborar uma nova Constituição.
“A eleição presidencial será realizada sob novas condições: pela primeira vez na história do país, poderão e irão participar todos aqueles que o desejem fazer”, prosseguiu Ramtane Lamamra, que também assume o cargo de vice-primeiro-ministro.
O representante argelino acrescentou que o escrutínio será “pela primeira vez monitorizado por uma comissão eleitoral independente”.
“Depois disso, a oposição argelina terá a oportunidade de participar mais ativamente no trabalho governamental”, referiu.
Do lado da Rússia, grande aliada da Argélia, à qual fornece nomeadamente armas, Serguei Lavrov declarou “apoiar” os planos delineados pelo governo argelino para ultrapassar a actual crise política.
“Esperámos que ajudem a estabilizar a situação neste país amigo através de um diálogo nacional fundamentado na Constituição”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
“Estou convencido que o povo argelino irá resolver os seus próprios problemas”, declarou Lavrov, apelando “a todos os outros países” a “respeitarem estritamente o princípio de não ingerência nos assuntos internos de um outro Estado”.
Milhares de argelinos voltaram hoje às ruas da capital do país, Argel, pedindo uma vez mais a saída do Presidente Abdelaziz Bouteflika.
Estudantes, mas também professores universitários, médicos e enfermeiros concentraram-se no centro de Argel, no dia em que se assinala o 57.º aniversário do final da guerra de independência da Argélia.