Francisco foi recebido pelo rei Mohamed VI, que estava acompanhado pelo príncipe herdeiro Moulay Hassan, e pelo irmão do monarca, o príncipe Moulay Rachid.
“Aqui nesta terra, ponte natural entre a África e a Europa, desejo reiterar a necessidade de unirmos os nossos esforços para dar novo impulso à construção dum mundo mais solidário, mais empenhado num diálogo honesto, corajoso e necessário que respeite as riquezas e especificidades de cada povo e de cada pessoa. Trata-se dum desafio que todos somos chamados a assumir, sobretudo neste tempo em que se corre o risco de fazer das diferenças e mútuo desconhecimento motivos de rivalidade e desagregação”, disse o Papa no primeiro discurso às autoridades e ao povo marroquino, citado no Vatican News.
O diálogo inter-religioso e uma aproximação à comunidade cristã marroquina são os temas que irão marcar a visita de Francisco a Marrocos, a convite do rei Mohamed VI.
Segundo admitiram responsáveis do Vaticano, citados pela Lusa, a viagem terá uma dimensão muito marcada de "diálogo entre religiões" e de "fraternidade entre as várias confissões", incluindo ainda uma aproximação à comunidade marroquina de cristãos. O que acabou por ser patente no discurso inaugural do Papa Francisco.
“Um diálogo autêntico convida-nos a não subestimar a importância do factor religioso para construir pontes entre os homens e enfrentar com êxito os desafios antes mencionados. De facto, no respeito das nossas diferenças, a fé em Deus leva-nos a reconhecer a eminente dignidade de todo o ser humano, bem como os seus direitos inalienáveis. Acreditamos que Deus criou os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e chamou-os a viverem como irmãos e espalharem os valores do bem, da caridade e da paz”, disse Francisco, este sábado, em Rabat. As alterações climáticas e as migrações foram outros temas abordados neste primeiro discurso.
O convite partiu do rei marroquino, Mohamed VI, a quem o Comité de Cristãos Marroquinos tem reconhecido esforços para tornar o país mais tolerante, sobretudo depois de ter organizado, em 2016, a "Conferência sobre Minorias Religiosas em Países Islâmicos".
Após o discurso, Francisco seguiu para a primeira paragem com valor verdadeiramente "político" ao Instituto de Imãs da capital, um lugar simbólico para os líderes religiosos e a reunião tem como objectivo uma aproximação entre os representantes de duas das maiores religiões do mundo.
No domingo, o dia terá início com uma visita do papa ao Centro Rural de Serviços Sociais do município de Temara, no sul de Rabat, a que se seguirá uma ida à catedral da capital. Aqui Francisco terá um encontro com sacerdotes e outros religiosos e com o Conselho Ecuménico das Igrejas, altura em que acontecerá outro dos momentos-chave da visita: o Angelus, uma oração importante para os católicos e em que o papa faz, habitualmente, os principais apelos.
A viagem será concluída a seguir ao almoço com uma cerimónia de despedida no aeroporto de Rabat, de onde Francisco sairá às 17:15 locais (15:15 na Praia).