Em declarações à agência Lusa, Francisco Corte Real, que representou o instituto na cerimónia de entrega dos resultados ao Governo angolano, que decorreu hoje em Luanda, salientou que o valor de probabilidade é "muitíssimo elevado", atingindo os 99,99999999999999999%.
"O valor a que se chegou foi a 99 vírgula dezassete noves. Veja o grau de segurança obtido neste resultado. Em genética forense nunca se chega a 100%, é impossível chegar a 100%. Agora, um resultado desta dimensão é absolutamente inequívoco", afirmou.
Segundo Francisco Corte Real, para a obtenção dos resultados muito contribuiu a circunstância de haver vários familiares com quem foi feita a comparação, razão também pela qual se tornaram "inequívocos".
"Têm um valor de probabilidade muitíssimo elevado, que não deixam dúvidas quanto à identificação que estava em causa", frisou.
Segundo o presidente do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses português, os resultados demoraram pouco mais de um mês a serem definidos, referindo que a antiguidade das amostras - 17 anos - levanta "alguns problemas" do ponto de vista técnico, implicando "algumas repetições", situação "normal" nestes casos.
Francisco Corte Real destacou, por outro lado, a "transparência" de todo o processo, elogiando as autoridades angolanas pela forma como permitiram que os trabalhos decorressem com independência e sem interferências.
"Gostava de realçar a transparência com que este processo foi feito. Não é comum a nível internacional que, um país, com total transparência, solicite a colaboração de outras instituições de outros países que, com total independência, trabalharam de forma completamente autónoma e que apresentaram aqui os resultados pela primeira vez", sublinhou.
"Os resultados não foram enviados previamente. Foram aqui abertos e entregues. Isto demonstra transparência e é de elogiar, porque nem sempre os países actuam desta forma, permitindo que haja uma contraprova num país estrangeiro com total transparência e independência", acrescentou.
Francisco Corte Real assumiu também que o processo é "prestigiante" para o instituto a que preside, da mesma forma que o é "para todas as partes".
Jonas Savimbi, líder fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), foi morto em combate pelas forças armadas governamentais em 22 de Fevereiro de 2002, na comuna do Lucusse, província do Moxico, e o seu corpo esteve desde então sepultado no cemitério municipal do Luena, capital da província.
Os restos mortais de Savimbi foram exumados em 31 de janeiro deste ano, tendo a família, a UNITA e o Governo determinado a realização de testes de ADN - além do instituto português participaram também entidades de Angola, África do Sul e Argentina -, que hoje o Governo e o partido do "Galo Negro" confirmaram todos coincidirem.
Hoje à tarde, numa conferência de imprensa, o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, indicou que as exéquias fúnebres do líder histórico do partido decorrerão em 01 de junho em Lopitanga, município do Andulo, província angolana do Bié.