Em conferência de imprensa de hoje, no Palácio de Moncloa, após a reunião do comitê de monitorização da situação na Catalunha, o Governo espanhol reiterou que é "essencial" que o presidente o governo catalão, Quim Torra, condene de forma "firme" e "sem sombras" de dúvidas a "onda de violência".
"Ninguém entende que ainda não o tenha feito", lamentou o ministro espanhol do Interior, antes de apelar à unidade de todas as forças políticas, para que o "governo" seja desmarcado da violência e para erradicar o problema da ordem pública, no país e nas ruas da Catalunha.
O presidente da Generalitat, por seu lado, ligou por duas vezes para o presidente do governo espanhol em funções, Pedro Sánchez, sem ser atendido, disseram fontes do governo catalão à agência Efe.
Tanto no sábado como no domingo o Palácio da Moncloa assegurou a Torres que Sánchez se encontrava em reunião, impedido de atender.
Hoje, depois de ter enviado também uma carta ao presidente do governo espanhol, Torres terá obtido a resposta de que a sede do governo de Madrid, em Moncloa, trataria de concretizar o contacto "mais à frente", noticiou a Efe.
O ministro espanhol do Interior reiterou porém que "ninguém pode e não deve ser ambíguo diante de acções violentas", e que é "fundamental" que os responsáveis pelo governo reconheçam o "trabalho magnífico" das forças e órgãos de segurança do Estado.
"É necessário que todos colaboremos activamente para isolar os violentos", concluiu, referindo-se ao presidente do Governo catalão.
Hoje, em Barcelona, o candidato Jaume Asens da equipa do Unidas Podemos pediu aos presidentes do Governo e da Generalitat, Pedro Sánchez e Quim Torra, respectivamente, que assumam a sua responsabilidade e avancem para negociações.
A vice-presidente interina do governo de Espanha, Carmen Calvo, em declarações hoje em Madrid, disse que o executivo não vai "apertar a sua mão" para tomar "decisões firmes" sobre a crise na Catalunha, "nem dialogar" ou procurar "uma solução política".
"Não vamos apertar nossas mãos se tivermos de tomar uma decisão mais importante, mas também não vamos apertar as nossas mãos para dialogar dentro da estrutura legal", defendeu Carmen Calvo, num ato pré-campanha do PSOE em San Fernando de Henares, na comunidade de Madrid.
"A mesma mão que tomará decisões firmes é a mesma que será usada para encontrar uma solução política" para a situação na Catalunha, concluiu.
Quatro manifestantes perderam olhos nos protestos em Barcelona
Entretanto os confrontos com os manifestantes continuam nas ruas de Barcelona. Entre as vítimas, quatro homens perderam o olho depois de terem sido atingidos por balas de borracha e de espuma lançadas pelas autoridades espanholas. Fontes hospitalares avançaram à imprensa espanhola este domingo que tinha sido admitido um jovem no hospital de Sant Pau, sendo a quarta vítima destes projécteis.
Para além disso, dá conta o Serviço Médico de Emergência, citado pelo El Periódico, que já foram atendidas 579 pessoas em toda a Catalunha. Entre os feridos está um jovem que está em estado considerado grave depois de sido atingido na cabeça.
Alba Vergés, ministra da Saúde da Catalunha, revelou em entrevista à emissora RCA-1 que se assistiu a uma "mudança de dimensão" no que ao número de feridos atendidos diz respeito. Até este sábado recorreram aos hospitais cerca de cem pessoas por noite, mas ontem esse número foi reduzido para 14. Já questionada relativamente aos manifestantes que perderam os olhos, a ministra disse não poder corroborar a informação.
Mas não foram apenas os manifestantes que ficaram feridos, também os agentes da força de segurança tiveram de receber tratamento hospitalar. Três agentes da Polícia Nacional continuam internados em diferentes unidades de Barcelona, um dos quais está em estado grave depois de ter sido atingido na cabeça na passada sexta-feira. Fontes da agência Efe adiantam no entanto que o quadro do agente apresentou algumas melhorias nas últimas horas.