Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) refere que o ministro Eduardo Cabrita "determinou à Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito para apuramento dos factos relacionados com a atuação policial ocorrida domingo, na Amadora, após o pedido de intervenção do motorista de um autocarro de passageiros".
O MAI adianta que a PSP “transmitirá à IGAI todos os elementos da averiguação interna que tem estado a realizar”.
Na segunda-feira, a Polícia de Segurança Pública já tinha anunciado a abertura de um processo de averiguações sobre a actuação policial na sequência da denúncia apresentada pela mulher detida contra o polícia de serviço, alegando ter sido violentamente agredida pelo agente.
No âmbito desta ocorrência, a organização SOS Racismo recebeu “uma denúncia de violência policial contra a cidadã portuguesa negra”, indicando que a mulher ficou “em estado grave”, resultado das agressões que sofreu na paragem de autocarros e dentro da viatura da PSP em direção à esquadra de Casal de São Brás, na Amadora.
Sobre as circunstâncias da ocorrência, a Direção Nacional da PSP informou que o polícia acusado de agredir a mulher detida “foi abordado pelo motorista de autocarro de transporte público que solicitou auxílio em face da recusa de uma cidadã em proceder ao pagamento da utilização do transporte da sua filha, e também pelo facto de o ter ameaçado e injuriado”, o que ocorreu pelas 20:30 de domingo, na Amadora.
Ao contrário da denúncia contra o polícia, a PSP afirmou que a mulher reagiu de forma “agressiva” perante a iniciativa do polícia em tentar dialogar, “tendo por diversas vezes empurrado o polícia com violência, motivo pelo qual lhe foi dada voz de detenção”.
Para fazer cessar as agressões, o polícia “procedeu à algemagem da mesma, utilizando a força estritamente necessária para o efeito face à sua resistência”, registando que a mulher, “para se tentar libertar, mordeu repetidamente o polícia, ficando este com a mão e o braço direitos com marcas das mordidelas que sofreu e das quais recebeu tratamento hospitalar”.
De acordo com a PSP, encontrando-se o polícia de baixa médica, “até ao momento, não foi decretada a suspensão preventiva de funções”.
Após ter sido ouvida por um juiz de instrução criminal na terça-feira, a mulher foi constituída arguida e sujeita à medida de coação de termo de identidade e residência.
O PS, Bloco de Esquerda e Livre já tinham questionado o Governo sobre a actuação policial.
A versão de Cláudia Simões
Em entrevista ao jornal Contacto, sediado no Luxemburgo, a queixou conta a sua versão dos acontecimentos. A peça, que é acompanhada por um vídeo da detenção de Cláudia Simões, pode ser vista aqui.