"Os advogados abaixo assinados declaram que o seu cliente, o Sr. Rui Pinto assume a responsabilidade de ter entregue, no final de 2018, à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF), um disco rígido contendo todos os dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros”, refere uma nota.
Segundo o documento, que é citado pela imprensa portuguesa, Rui Pinto "procurou, assim, ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os interesses de Portugal".
Rui Pinto "esclarece que entregou este disco rígido, no cumprimento do que entende ser um dever de cidadania, e sem qualquer contrapartida", depois de tomar conhecimento das missões realizadas pela organização PPLAAF, e mostra-se "satisfeito por ver que, graças ao intenso trabalho do consórcio de jornalistas ICIJ, todos os dados foram explorados, verificados, validados e, portanto, encabeçaram as revelações que necessariamente levarão à abertura de investigações criminais em muitos países, incluindo Portugal".
Os advogados de Rui Pinto defendem também que "está feita a prova de que, sem as imensas revelações de Luanda Leaks, tornadas possíveis graças ao nosso cliente, as autoridades reguladoras, policiais e judiciais nada teriam feito".
Os advogados de Rui Pinto frisam ainda que "esta colaboração com o PPLAAF e o ICIJ está relacionada exclusivamente com a entrega deste disco rígido e que não prejudica a cooperação histórica que tem realizado com o consórcio European Investigative Collaborations (EIC) desde as primeiras revelações do Football Leaks".
Rui Pinto é um hacker português que denunciou o caso conhecido por Football Leaks, de que também foi o denunciante. O hacker está na prisão há quase um ano e é acusado de 93 crimes: seis de acesso ilegítimo, um de sabotagem informática, 14 de violação de correspondência, 68 de acesso indevido e um de extorsão na forma tentada.
A juíza de instrução decidiu deixar cair 57 dos 147 crimes iniciais que constavam da acusação do Ministério Público.
Os restantes, pelos quais terá de responder em tribunal, relacionam-se na sua maioria com os documentos que alegadamente divulgou depois de ter acedido aos computadores do Sporting, da Federação Portuguesa de Futebol, da Procuradoria Geral da República, da PLMJ e da empresa de direitos desportivos Doyen Sports.