A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, quer aumentar suas atividades para socorrer as vítimas de atos de violência na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
O brasileiro Eduardo Burmeister, especialista de Proteção da Acnur falou à ONU News de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, e contou o que tem visto entre os que tentam sobreviver.
“Na ilha de Matemo tive que entrevistar um refugiado que teve que fugir. A vila foi atacada. Um dos filhos ficou para trás para tentar salvar alguns bens da família. Ele foi apanhado por um dos membros desses grupos armados e acabou decapitado. Isto não é um relato isolado, é um relato que acontece, e acontece já há bastante tempo.”
Na incursão às aldeias, os grupos armados aterrorizam a população local com actos que incluem mutilações e torturas. Várias casas, plantações e lojas foram queimadas ou destruídas e houve sequestros e desaparecimentos de mulheres e crianças.
A agência pediu um “apoio urgente e forte” aos doadores para aumentar a resposta à situação, para a qual já recorreu a 2 milhões de dólares da reserva de operações para atender às necessidades iniciais.
De acordo com a Acnur, houve um aumento de ataques nos últimos meses. A situação é considerada a mais frágil desde que iniciaram os incidentes em outubro de 2017.
Pelo menos 28 ataques foram realizados na província desde o início de 2020. Um outro factor que preocupa as agências é a expansão dos ataques para nove dos 16 distritos de Cabo Delgado, uma das províncias menos desenvolvidas do país.
A violência nos distritos do sul de Cabo Delgado leva as pessoas a fugir para a capital provincial, Pemba. Um dos incidentes mais recentes ocorreu a apenas 100 km desta cidade, destaca a Acnur.
As pessoas deslocadas têm falta de água potável. O alvo imediato da Acnur são os 15 mil deslocados internos.