Em comunicado divulgado esta segunda-feira, a Comissão da CEDEAO afirma que está a acompanhar a evolução da situação sócio-política na Costa do Marfim, no período que antecede as eleições presidenciais, marcadas para 31 de Outubro, e que está "profundamente preocupada com os acontecimentos violentos que tiveram lugar nos últimos dias" no país.
A CEDEAO sublinha que nestes se incluem também os que ocorreram em Bonoua e Divo, na passada sexta-feira, e que levaram ao estabelecimento de um recolher obrigatório naquelas duas localidades.
Por isso, a CEDEAO insta "todos os actores políticos marfinenses a evitarem a violência e a recorrerem ao diálogo e ao Estado de Direito para resolverem todas as suas divergências", adianta na mesma nota.
E "exorta-os a exercerem a contenção em todas as circunstâncias e a apelarem aos seus apoiantes e simpatizantes para que façam o mesmo, de modo a fomentarem a criação de um ambiente conducente a uma eleição presidencial pacífica e credível", acrescenta a organização regional.
Na mesma nota, reitera o seu "compromisso de continuar a acompanhar e apoiar o povo e o Governo da Costa do Marfim perante o desafio que estes enfrentam a 31 de Outubro de 2020" e apresenta as condolências às famílias dos que morreram, durante os acontecimentos violentos dos últimos dias no país e deseja rápida recuperação aos feridos.
Ao mesmo tempo, a organização expressa "a sua solidariedade para com as outras vítimas da violência", numa alusão aos confrontos étnicos.
O Presidente da Costa do Marfim entregou hoje a sua candidatura às presidenciais à Comissão Eleitoral Independente (IEC), em Abidjan, apelando à "paz", depois da violência que se registou no país desde que anunciou a recandidatura a um terceiro mandato.
"Sei que posso contar com todos os meus concidadãos para assegurar que esta eleição seja pacífica e que os marfinenses possam fazer a sua escolha em paz, sem violência", disse Alassane Ouattara, ao deixar as instalações da Comissão IEC, acompanhado pela maioria dos membros do governo.
A violência que se tem registado no país desde o anúncio da sua recandidatura causou a morte de pelo menos oito pessoas.
Eleito em 2010 e depois reeleito em 2015, o chefe de Estado da Costa do Marfim, de 78 anos, anunciou, inicialmente, em Março a sua intenção de não se candidatar às próximas eleições presidenciais, marcadas para 31 de Outubro e de entregar ao seu primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly, a função.
Mas este morreu subitamente a 08 de Julho, vítima de um ataque cardíaco, e, a 06 de Agosto, Alassane Ouattara anunciou que concorreria a um terceiro mandato.
O anúncio desta decisão provocou várias manifestações no país que degeneraram em violência durante três dias, deixando seis mortos, cerca de 100 feridos e 1.500 deslocados.
Este fim-de-semana, houve novos episódios de violência interétnica, na sequência do anúncio do seu partido, que provocou a morte de pelo menos duas pessoas, em Divo (200 quilómetros a noroeste de Abidjan, capital da Costa do Marfim).
A Constituição, revista em 2016, limita a dois os mandatos presidenciais. Os apoiantes de Ouattara dizem que a revisão coloca o mandato a zero, enquanto os seus opositores consideram uma terceira candidatura inconstitucional.
Os receios de uma violência ainda mais mortal no período que antecederá as eleições de 31 de Outubro são elevados, 10 anos após a crise presidencial de 2010, que causou a morte de 3.000 pessoas e que colocou Ouattara no poder.
São membros da CEDEAO, além dos lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau, também Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Senegal e Togo.