Nagorno-Karabakh: Presidente azeri promete combate até “retirada total” das forças arménias

PorExpresso das Ilhas, Lusa,30 set 2020 17:09

O Presidente do Azerbaijão disse hoje que pretende prosseguir as operações militares até à retirada das forças arménias do Nagorno-Karabakh, a região separatista apoiada por Erevan e desde há quatro dias palco de um novo conflito sangrento.

“Temos apenas uma condição, a retirada total, incondicional e sem demora das forças armadas da Arménia da nossa terra. Caso o Governo da Arménia aceite esta condição, os combates vão cessar, o sangue deixará de correr”, disse o Presidente Ilham Aliyev após uma visita a militares feridos e internados num hospital.

“Queremos restabelecer a nossa integridade territorial, vamos fazê-lo”, acrescentou, de acordo com imagens difundidas pela televisão.

Pouco antes, a diplomacia azeri tinha comunicado aos mediadores do conflito, o Grupo de Minsk (Rússia, Estados Unidos, França), constituído no seio da na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que Baku estava determinada em combater.

“Vamos prosseguir a nossa operação militar legítima enquanto não verificaremos claramente que as tropas arménias se retiram do território do Azerbaijão”, indicou a representação azeri na OSCE, onde o Grupo de Minsk se mantém como o mediador do conflito desde a década de 1990.

A delegação azeri considerou que uma retirada incondicional constitui a única forma “de a actual geração de arménios evitar uma perda massiva de vidas humanas”.

Na terça-feira, o Governo turco reafirmou o seu apoio ao Azerbaijão “no terreno e na mesa das negociações” no conflito com a vizinha Arménia, indicou o chefe da diplomacia de Ancara, Mevlut Çavusoglu, reiterando que o conflito não será solucionado “até que a Arménia se retire dos territórios azeris”.

O embaixador arménio da Rússia, Vardan Toganian, tinha assegurado previamente que a Turquia enviou 4.000 mercenários a partir da Síria, uma alusão também desmentida pelo Presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Na ocasião, o chefe da diplomacia azeri, Jeyhun Bayramov, negou a ingerência turca e declarou que maior parte do armamento usado pelas forças azeris é de origem russa.

No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh, no Cáucaso do sul onde colidem os interesses de diversas potências, em particular Turquia, Rússia, Irão e países ocidentais.

Este território de maioria arménia, integrado em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, proclamou unilateralmente a independência em 1991 com o apoio da Arménia.

Na sequência da uma guerra que provocou 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk. No entanto, as escaramuças armadas permaneceram frequentes.

Em Julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos. Os combates recentes mais significativos remontam Abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.

A Arménia, país cristão desde o século IV, registou uma história tumultuosa desde a sua independência em 1991.

Na primavera de 2018, uma revolução pacífica levou ao poder o actual primeiro-ministro Nikol Pashinyan, que impôs reformas destinadas a democratizar as instituições e combater a corrupção.

O Azerbaijão, um país com população de maioria muçulmana xiita e junto ao mar Cáspio, permanece desde 1993 sob o controlo de uma única família. Heydar Aliyev, um antigo general do KGB soviético, dirigiu o país com mão de ferro até Outubro de 2003, cedendo o poder ao seu filho Ilham algumas semanas antes de morrer.

À semelhança de seu pai, Ilham Aliyev não permitiu o surgimento de qualquer oposição. Em 2017, designou a sua mulher Mehriban para vice-Presidente do país, a primeira mulher a assumir este cargo no país do Cáucaso.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,30 set 2020 17:09

Editado porSara Almeida  em  9 jul 2021 23:21

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