Os manifestantes, que afirmam não ter qualquer filiação política, reuniram-se através de redes sociais, incluindo o Twitter, para exigir o desmantelamento da SARS, uma unidade especializada em grandes crimes, acusada de extorsão da população, detenções ilegais, tortura e até assassínios.
Após uma semana de forte mobilização, a presidência nigeriana anunciou no domingo a dissolução, com “efeito imediato”, da unidade especial, o que não foi suficiente para acalmar os espíritos nem tranquilizar a juventude.
Um polícia e um civil foram mortos na segunda-feira durante as manifestações em Lagos, elevando para cinco o número de pessoas mortas desde o início do movimento, segundo o Governo do estado de Lagos.
Várias estrelas Afropop, tais como P-Square e Falz, lideravam hoje o movimento em Lekki, um bairro de Lagos onde vários milhares de pessoas estavam concentrados.
“Somos ainda mais numerosos do que ontem [segunda-feira]”, exclamou Tare Murphy, uma manifestante.
Na segunda-feira à noite, dezenas de milhares de carros ficaram presos durante muitas horas em grandes engarrafamentos, agravados por várias obras na cidade de 20 milhões de habitantes.
“Ontem à noite foi realmente complicado”, disse Seyi Anne Moses à agência AFP. “Fiquei preso no trânsito e demorei mais de cinco horas para chegar a casa do trabalho, numa viagem de 45 minutos”.
Outras marchas foram marcadas para hoje nos estados de Ondo, Oyo (sudoeste) ou Port Harcourt, uma grande cidade no sul do país, apesar da sua proibição, e Abuja, a capital federal.
Os manifestantes exigem a criação de um organismo independente para investigar os abusos policiais e a libertação dos manifestantes detidos esta semana, de acordo com um apelo ao protesto transmitido nas redes sociais.
“A dissolução da SRA é apenas um primeiro passo no nosso compromisso com uma reforma policial abrangente”, disse o Presidente Muhammadu Buhari na segunda-feira, num vídeo transmitido no Twitter.