"O Governo britânico (...) deve prosseguir e concluir um acordo com a UE", disse Micheal Martin, em declarações à estação pública britânica BBC.
A Irlanda e o Reino Unido serão os países mais afectados pelas consequências da ausência de um acordo, segundo frisou o chefe do Governo irlandês.
De acordo com Micheal Martin, se o Reino Unido não obtiver a garantia de um acesso ao mercado único da UE, será "ruinoso para a economia e para o comércio britânico".
"Do mesmo modo, a Irlanda ficará muito pior se não houver um acordo", prosseguiu.
O Reino Unido saiu da UE em 31 de Janeiro de 2020, processo que ficou conhecido como 'Brexit'.
Em conformidade com o Acordo de Saída, é agora oficialmente um país terceiro, pelo que já não participa no processo de tomada de decisões do bloco comunitário.
Por comum acordo, a UE e o Reino Unido decidiram, contudo, estabelecer um período de transição, que termina em 31 de Dezembro de 2020.
Durante este período de transição, que prevê que o Reino Unido continue a aplicar as regras europeias, Londres e Bruxelas iniciaram negociações para um acordo sobre a sua futura relação comercial.
Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE (incluindo o Estado-membro e 'vizinha' Irlanda) passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a aplicação de vários controlos alfandegários e regulatórios.
Tal cenário também poderá implicar uma interrupção repentina das trocas comerciais, o que afectaria ainda mais as economias já enfraquecidas devido à actual pandemia da doença covid-19.
As discussões entre Londres e Bruxelas estão a prosseguir esta semana na capital britânica, mantendo-se os impasses em vários pontos, nomeadamente sobre as pescas e as garantias exigidas pelo executivo britânico em matéria de concorrência e na regulação de disputas no futuro acordo.
"As negociações continuam até este fim de semana em Londres e serão retomadas na próxima semana em Bruxelas", disse uma fonte europeia.
"Progressos estão a ser feitos, mas as divergências persistem", declarou hoje o ministro do Conselho de Ministros britânico, Michael Gove, no Parlamento.
"O Reino Unido já demonstrou grande flexibilidade nestas negociações, mas é igualmente importante que a UE também mostre flexibilidade", acrescentou o ministro, advertindo que "qualquer tentativa de continuar a vincular o Reino Unido aos processos da UE ou de estender a jurisdição da UE por outros meios seria um erro".
"Na verdade, acredito que Boris Johnson [primeiro-ministro britânico] quer um acordo, o seu instinto leva-o a ser favorável a um acordo", disse ainda o primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, em declarações à BBC.